Com ataques à presidente Dilma Rousseff, ao PT, ao ex-presidente Lula e ao Judiciário, milhares de pessoas participaram dos protestos em Brasília. Elogios apenas para o juiz Sérgio Moro, que está à frente da Operação Lava-Jato no Paraná, e ao procurador-geral Rodrigo Janot, que investiga os políticos com foro privilegiado envolvidos nas denúncias sobre a Petrobras. Segundo a Polícia Militar, a manifestação reuniu entre 45 e 50 mil pessoas. Os organizadores estimam que os protestos atraíram 160 mil na capital federal.

A concentração foi no Museu da República, por volta de 9h30m. Uma hora depois os manifestantes começaram a se deslocar rumo ao Congresso Nacional. O ápice do protesto foi por volta de meio-dia, quando o maior dos seis carros de som tocou o hino nacional e a multidão cantou em coro. A dispersão começou no início da tarde, após serem jogadas três mil rosas no espelho d”água do Congresso e manifestantes fazerem a “lavagem” da entrada.

O protesto não teve conflitos. No final das manifestações foram presas duas pessoas que, segundo a PM, estavam incitando a violência. Foram dois mil policiais atuando na segurança, bloqueando o acesso ao Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

O foco da manifestação foi a rejeição à presidente. O partido da presidente e de Lula também era alvo das palavras de ordem. Temas específicos, da corrupção na Petrobras aos problemas de acesso ao Financiamento Estudantil (Fies), estavam presentes em cartazes. O poder Judiciário também foi criticado, em especial o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, e o ministro Dias Toffoli, que estará à frente dos julgamentos da Lava-Jato.

Defesa da reforma política

O coordenador do movimento Limpa Brasil, Paulo Pagani, comandou o principal carro de som. Ele considera que o impeachment da presidente não resolveria os problemas do país.

– Nosso movimento não é pelo impeachment. É por uma coisa que eles esqueceram: ética, dignidade. Ninguém aguenta mais tanta corrupção. E isso só se resolve com reforma política – afirmou Pagani.

O Congresso também foi alvo de críticas. A empresária Melinna Copatti criticou o fato de políticos alvo da Lava-Jato continuarem à frente da Câmara e do Senado, casos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL).

– Nossa insatisfação é com a corrupção e de saber que quem está sendo julgado está à frente do Congresso e mandando na CPI

– disse Melinna.