Anos atrás, toda vez que a cotação do dólar subia (ou melhor, quando o real se desvalorizava frente à moeda americana) era uma agonia para o Tesouro Nacional. Isso não acontece mais porque o endividamento externo representa menos de 5% da dívida pública, e tem um perfil de vencimento de longo prazo (o país já emitiu títulos no exterior com vencimento em 40 anos). Na verdade, há algum tempo que o Tesouro resgata mais dívida externa do que emite. O endividamento externo poderia representar até 7% da dívida pública sem ser considerado um risco relevante para o Tesouro.

O investidor estrangeiro prefere atualmente aplicar direto no Brasil em títulos do Tesouro. Já detém 20% desses papéis e só perde para a fatia dos bancos (30%). Não tem mais caráter especulativo; geralmente o investidor é um fundo soberano (de países) ou de longa duração. Os fundos de pensão brasileiros detêm a terceira maior fatia (17%) dos papéis do Tesouro.

Por causa da elevação das taxas básicas de juros (Selic), o Tesouro este ano não vai se empenhar tanto para reduzir a parcela da dívida pública mobiliária em papéis com rendimentos prefixados, que em dezembro representavam 18,7% do total. Os administradores do Tesouro consideram como ideal um índice entre 13% e 17%, mas é bem possível que chegue a 22% em 2015. Um dos objetivos traçados para este ano é dar mais divulgação ao chamado Tesouro Direto. Há treze anos, o governo passou a permitir que qualquer pessoa compre títulos do Tesouro. Não tão diretamente, como diz o nome do programa, porque é obrigatória a intermediação de uma corretora. A partir de R$ 30 é possível fazer uma aplicação, a um custo máximo de 0,8% (corretagem e taxa de custódia na BMF&Bovespa), menos do que os administradores fundos de investimentos costumam cobrar de pequenos poupadores (mais de 1%).

Hoje, 130 mil pessoas aplicam no Tesouro Direto. Cerca de 64% investiram até R$ 5 mil. Se fosse considerado isoladamente um gestor de recursos financeiros, o Tesouro Direto já estaria entre os dez maiores “assets” (administradores de fundos de investimento) do país.

O VLT se aproxima

Provavelmente, já em abril serão assentados os primeiros trilhos do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que circulará no Centro do Rio a partir do primeiro semestre do ano que vem. A obra está adiantada em certos trechos, com o chamado concreto magro aplicado sobre as vias pelas quais o bonde moderno passará. Mas em outros trechos, como na Avenida Rio Branco, continua ainda na fase do deslocamento de redes de telefonia e do gasoduto que atende à Zona Sul da cidade. Mas o presidente da concessionária do VLT, Carlos Baldi, diz que as fases seguintes caminharão muito rápido. O assentamento dos trilhos, por exemplo, poderá ser feito a um ritmo de 30 metros por dia, por meio de uma máquina. No início do ano que vem, os cinco primeiros trens, fabricados na França, circularão experimentalmente a uma velocidade baixa para que se possa testar a sinalização e o sofisticado sistema de controle. O VLT corre sobre trilhos energizados à medida que passa exatamente sobre eles. O trem terá prioridade na passagem pelos cruzamentos e sinais de trânsito. Cerca de 300 mil passageiros devem utilizar o VLT por dia. Os trens circularão por 24 horas, ligando o Aeroporto Santos Dumont à rodoviária, com estações na Praça XV e na Central do Brasil, e diversas paradas (pelo menos cinco na Avenida Rio Branco) no percurso. Não haverá cobrança manual dentro dos vagões, mas sim validadores automáticos de passagens previamente adquiridas. Quem não validar ou estiver querendo andar de graça estará sujeito a uma multa salgada pela fiscalização, que deverá ser ultrarrigorosa nas primeiras semanas para desencorajar os espertalhões. Em compensação, na fase experimental, todo mundo poderá andar no VLT sem pagar. O investimento é da ordem de R$ 1,5 bilhão. A concessionária tem quatro sócios principais em partes iguais (CCR, Odebrecht Transport, Invepar e Riopar — este formado por empresas de ônibus) e dois minoritários (a argentina BRt e a francesa RATP). Na obra civil, o VLT gera 650 empregos diretos. Quando estiver em funcionamento, empregará outras 650 pessoas.

Carnaval na Barra 

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