Título: Chávez diz que voltará em breve
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Fonte: Correio Braziliense, 18/07/2011, Mundo, p. 13

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, começou ontem em Cuba uma série de sessões de quimioterapia, nova etapa na batalha contra um câncer do qual foi diagnosticado e operado na ilha, no mês passado. Chávez chegou na noite de sábado a Havana, onde foi recebido pelo colega Raúl Castro e pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez. Embora tenha transferido algumas de suas atribuições ao vice, Elías Jaua, pela primeira vez em 12 anos no poder, o mandatário venezuelano manifestou confiança no sucesso do tratamento. "Espero estar de volta em poucos dias. Não é hora de morrer, é hora de viver. Voltarei melhor do que saí. Nunca amei tanto a vida como estou amando", afirmou antes de deixar Caracas.

Mais até do que as vantagens propagandeadas de seu sistema hospitalar, os cubanos oferecem a Chávez a total discrição observada pelas autoridades e pela mídia oficiaL. O presidente venezuelano viajou para Havana acompanhado da filha Rosa Virgínia, que esteve com ele após a cirurgia. Aos 56 anos, ele aposta na quimioterapia para garantir a recuperação plena. "Depois que retiraram o tumor, os médicos não voltaram a detectar em parte alguma de meu corpo outra célula maligna", disse o presidente.

A ausência de informações oficiais detalhadas sobre a saúde de Chávez e os passos do tratamento indicam que o sigilo observado até aqui será mantidó. Ontem, a imprensa cubana limitou-se a noticiar a chegada do mandatário, com uma breve nota de três parágrafos e uma foto que mostra Raúl Castro cumprimentando o colega venezuelano e sua filha. Na madrugada de domingo, a televisão estatal transmitiu um vídeo sobre as boas-vindas ao visitante. Até a noite de ontem não havia sido divulgado um boletim médico, e o governo venezuelano continuava omitindo informações sobre a magnitude do câncer e o órgão atingido.

A viagem foi autorizada no sábado pela Assembleia Nacional venezuelana, por unanimidade. Mas o fato de Chávez continuar exercendo o poder a partir de Havana, sem transferir plenamente os poderes ao vice, continua provocando debates. Segundo os deputados opositores, que ocupam 40% das cadeiras, o presidente tem o direito de cuidar da saúde, mas o comportamento do governo é "inconstitucional". "A saúde do país tem de estar acima da saúde do presidente. Ele não viajou para representar o Estado e não deve exercer o cargo a partir de Havana", disse o deputado opositor Carlos Berrizbeitia.