O ex-deputado e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson cumprirá, em casa, o resto da pena decorrente do julgamento do mensalão. A decisão foi tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, relator do mensalão no STF após a aposentadoria de Joaquim Barbosa. Jefferson foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e estava preso desde fevereiro de 2014 na Casa do Albergado Coronel PM Francisco Spargoli Rocha, em Niterói (RJ).

No despacho favorável a Jefferson, Barroso afirmou que há, nos autos, “atestado de ótimo comportamento carcerário e inexistem anotações de prática de infração disciplinar de natureza grave pelo condenado”. Além disso, de acordo com o ministro, a defesa do ex-parlamentar comprovou o pagamento da multa decorrente da pena, de R$ 720,8 mil. A decisão de Barroso ainda precisa ser comunicada à Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária para a soltura de Jefferson.

O ministro alertou, contudo, que, mesmo tendo obtido a progressão da pena do regime semiaberto para o domiciliar, Jefferson ainda precisará cumprir algumas restrições derivadas da pena imposta a ele. “Fica o sentenciado advertido de que, mesmo em regime aberto, encontra-se em cumprimento de pena privativa de liberdade, devendo comportar-se com a sobriedade e discrição que tal condição impõe, sob pena de regressão de regime.”

Diabetes
A tendência é de que o ex-presidente do PTB se mude para uma casa no Rio de Janeiro para ficar mais próximo do escritório de advocacia em que trabalha, como uma forma de reduzir a pena imposta pelo STF. Antes de ser preso, ele morava no interior, em uma casa em Comendador Levy Gasparian, na divisa com Minas Gerais. Jefferson é diabético, hipertenso e tem histórico de obesidade mórbida. Em 2012, ele operou um câncer no pâncreas. No ano passado, tentou obter o benefício da progressão de regime por causa dos problemas de saúde, mas o STF negou.

Delator do esquema do mensalão no Congresso, Roberto Jefferson protagonizou embates duros com o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, também condenado pelo STF no esquema do mensalão. Ao decidir denunciar a existência de um esquema de pagamento de propina a parlamentares da base aliada, Jefferson foi convocado, em um primeiro momento, para uma audiência no Conselho de Ética da Câmara, onde pronunciou uma frase que entrou para a memória da vida política brasileira. “Sai rápido daí, Zé, para não tornar réu um homem inocente, que é o presidente Lula”, disse ele.

Perfomático, afirmou, na mesma sessão, que avisou a Lula sobre o que estava ocorrendo e que ele reagiu como se tivesse recebido uma “punhalada pelas costas”. Durante depoimento à CPI dos Correios, apareceu com um olho roxo, alegando que um “armário havia caído sobre o seu rosto”. Aos deputados e senadores, detalhou o esquema de pagamento de propinas em uma agência do Banco Rural, em Brasília.