A oferta de crédito, que já sofreu forte desaceleração de janeiro a março, deve mostrar encolhimento ainda maior no segundo trimestre, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central (BC) em São Paulo. De acordo com dados apresentados pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, as condições de oferta devem piorar para todos os segmentos — pequenas e grandes empresas, famílias, e setor habitacional.

A deterioração mais sensível, segundo a pesquisa, deve ocorrer na área de crédito imobiliário. Numa escala que vai de -2 a +2, o indicador das concessões de financiamentos habitacionais ficou em 0,56. A redução reflete a crise que o setor atravessa, depois do expressivo aumento de preços de anos recentes, e a redução acentuada dos depósitos em cadernetas de poupança, principal fonte de recursos para o setor. Nos primeiros quatro meses deste ano, os saques líquidos na poupança alcançaram R$ 29 bilhões.

A Pesquisa Trimestral das Condições de Crédito foi realizada pelo BC entre 18 e 31 de março e ouviu 46 instituições financeiras. Segundo o levantamento, as pequenas e médias empresas devem demandar mais crédito entre abril e junho do que no primeiro trimestre, mas a oferta de recursos será menor. No caso das famílias, tanto a oferta quanto a demanda por recursos recuam.

Inflação
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, que participou da divulgação, disse que o quadro da economia continua desafiador, apesar de ter aumentado, nos últimos meses, a possibilidade de convergência da inflação para a meta, de 4,5%, em 2016. Segundo ele, os avanços alcançados no combate à carestia ainda não são suficientes, mas já podem ser observados sinais de moderação nos reajustes de preços. Ele lembrou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71% em abril, depois de ter apresentado variações mensais superiores a 1% de janeiro a março.

No entanto, segundo Awazu, a política monetária deve se manter “vigilante”, o que pode significar que o BC promoverá novas altas da taxa básica de juros (Selic). Conforma a expectativa do mercado, o IPCA deve alcançar 8,29% neste ano, caindo para 5,51% em 2016.