Com o apoio de 199 deputados, a oposição tenta emplacar a CPI do BNDES na quinta e última vaga disponível para comissões de investigação. PPS, PSB, DEM e PSDBprotocolaram ontem, na Secretaria-Geral da Câmara dos Deputados, o pedido assinado por parlamentares de 25 dos 28 partidos que compõem as bancadas da Casa. Deputados querem apurar as supostas irregularidades em empréstimos secretos à Cuba, à Angola, às empresas investigadas na Operação Lava-Jato e às empresas de Eike Batista e do setor frigorífico ocorridos entre 2003 e 2015.

“Temos empresas que estão envolvidas com corrupção, outras que receberam bilhões de reais sem critério algum e ainda os financiamentos secretos. Com a CPI, podemos quebrar esses sigilos”, afirmou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), um dos autores do pedido. Porém, como há outros seis requerimentos na fila aguardando pareceres jurídicos, deputados estudam formular uma resolução para garantir que a CPI do BNDES passe na frente e seja criada na Câmara.

Atualmente, quatro CPIs estão em funcionamento na Câmara, sendo que apenas cinco podem existir simultaneamente. A CPI do BNDES entra como sétima na lista as que serão apreciadas para uma eventual criação. Estão na fila as comissões que querem investigar a desestruturação do setor elétrico; a violência contra mulheres; os crimes cibernéticos; os maus-tratos animais; o desabastecimento de água no país; e as prestadoras de telefonia fixa e móveis no Brasil.

Desistência
A oposição conseguiu 28 assinaturas acima do necessário (171) para a criação da comissão na Câmara. No Senado, parlamentares chegaram a reunir 29 das 27 firmas exigidas, mas a pressão do governo fez com que seis deles desistissem e retirassem o apoio, o que impossibilitou a instalação de uma comissão mista. Se conseguir ser instalada, a CPI do BNDES deve levantar possíveis irregularidades nos períodos governados por Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Apenas em 2012, Angola e Cuba receberam US$ 875 milhões da instituição, segundo apontou o requerimento assinado pela oposição. Outra investigação é sobre os empréstimos de R$ 2,4 bilhões às empreiteiras envolvidas na Lava-Jato, alémd os empréstimos ao grupo de Eike Batista e a frigoríficos.


Aécio quer recibo nas urnas
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu ontem que as urnas eletrônicas emitam uma espécie de recibo para que os votos nas eleições possam ser conferidos pela Justiça. No ano passado, eleitores usaram as redes sociais para levantar suspeitas sobre o resultado da corrida eleitoral. Embora sustente que não questiona a vitória da presidente Dilma Rousseff, o PSDB entrou com pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que fosse feita auditoria sobre a eleição. O senador participou ontem de audiência na comissão especial para debater a reforma política na Câmara.