Após reunião com o juiz federal Sérgio Moro, à frente dos processos relativos ao esquema de corrupção na Petrobras na Justiça Federal, na manhã de ontem, integrantes da CPI que apura irregularidades na estatal tiveram a garantia de que podem ouvir os presos pela Operação Lava-Jato, em Curitiba. Depois de duas horas e meia, o juiz também concordou em compartilhar, com os parlamentares do colegiado, informações sigilosas referentes ao caso. Na tarde de ontem, a juíza da 2ª Vara Federal de Curitiba, Gisele Lemke, determinou o confisco cautelar de R$ 153,9 milhões da empreiteira Engevix, do seu vice-presidente, Gérson Almada, e da empresa Jackson Empreendimentos. Eles deverão indicar bens em 15 dias para garantir o pagamento do valor, exigido em uma ação de improbidade pelo Ministério Público.

O cronograma das oitivas, que vão ocorrer no próximo mês, ainda não foi estabelecido pelos deputados. Governistas pressionam para que Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no esquema, seja ouvido. Ao fim do encontro, o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da CPI, falou com a imprensa. “Ele (Sérgio Moro) praticamente já disponibilizou tudo, inclusive, os procedimentos administrativos, e também a questão das audiências e dos depoimentos que faremos aqui em Curitiba em maio”, informou.

O parlamentar comunicou que a comissão vai adequar as agendas para que não ocorra prejuízo à investigação. “Ajustamos um calendário nosso, da CPI, com o calendário que Moro tem na sequência do trabalho dele. Então, vamos compatibilizar. Tudo foi muito bem resolvido”, salientou.

Custos

A CPI da Petrobras aprovou um requerimento que não permite a colhida de depoimentos de presos no plenário da Câmara, em Brasília. Alguns parlamentares, especialmente do PSol, alegam que a medida é restritiva e visa blindar partidos políticos. Imbassahy explicou que a medida é para reduzir os custos com deslocamento dos depoentes. De acordo com ele, boa parte opta por ficar em silêncio. Por isso, não haveria justificativa para o gasto.

Em 27 de abril, uma comitiva da CPI irá até a sede Petrobras, no Rio de Janeiro. Em 8 de maio, os deputados vão fazer uma visita ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), onde já foram identificados superfaturamentos dos contratos. Dez dias depois, os deputados vão à Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Na quinta-feira, o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça prestou depoimento na CPI da Petrobras. Ele evidenciou o esquema de transformar propina em doações eleitorais legais. Afirmou que, entre subornos e repasses a partidos políticos, deve ter pago entre R$ 100 milhões e R$ 110 milhões.

“Ele (Sérgio Moro) praticamente já disponibilizou tudo, inclusive, os procedimentos administrativos, e também a questão das audiências e dos depoimentos que faremos aqui em Curitiba em maio”
Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da CPI da Petrobras