A Petrobras fechou um pacote de R$ 18,5 bilhões com três grandes bancos nacionais e um estrangeiro para sustentar suas operações até o fim do ano. Entre financiamentos e limites de crédito pré-aprovado, a estatal vai receber R$ 9,5 bilhões para reforçar o caixa, num momento em que enfrenta dificuldade de captar recursos no mercado por causa da Operação Java-Jato, da Polícia Federal. Além desse montante, a companhia anunciou um negócio envolvendo plataformas de produção de petróleo no valor de US$ 3 bilhões — cerca de R$ 9 bilhões.

“Essas operações, somadas a outras já executadas neste ano, atendem às necessidades de financiamento da companhia para 2015”, informou a petroleira, em comunicado dirigido ao mercado. A maior parte do crédito virá dos dois bancos oficiais, o Banco do Brasil e a Caixa. Com o BB, a Petrobras obteve um financiamento de R$ 4,5 bilhões por seis anos, na modalidade de nota de crédito à exportação, por meio da subsidiária BR Distribuidora. Também foram aprovados limites de crédito pré-aprovado com a Caixa e o Bradesco, no valor de R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, respectivamente, ambos com prazo de cinco anos.

A estatal, que desde fevereiro é dirigida pelo ex-presidente do BB, Adelmir Bendine, acertou ainda com o banco britânico Standard Chartered uma operação de venda, com arrendamento e opção de recompra, de plataformas de produção de petróleo. O negócio tem valor de US$ 3 bilhões e prazo de 10 anos. Analistas consideraram política a decisão dos bancos de conceder os empréstimos, já que a estatal não divulgou o balanço auditado de 2014 — o anúncio está prometido para o próxima quarta-feira. Eles lembram ainda que o Bradesco indicou dois membros do Conselho de Administração da petroleira. Além disso, as agências de rating devem avaliar o risco que os bancos estão correndo ao disponibilizar quantias tão elevadas para um único cliente.

No comunicado, a Petrobras informou que continuará avaliando oportunidades de financiamento visando antecipar parte das necessidades de recursos do ano que vem. Neste mês, a companhia já havia assinado com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) um contrato de financiamento de US$ 3,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões). A estatal tem autorização do Conselho para captar até US$ 19,1 bilhões de dólares ao longo de 2015.

Na nota dirigida aos investidores, a petroleira reafirmou ainda o plano, divulgado em março, de vender ativos para complementar as necessidades de caixa e reduzir o endividamento. A meta é conseguir US$ 13,7 bilhões até o fim de 2016 e concentrar o foco em investimentos prioritários. A petroleira frisou que nenhum dos poços em produção na área do pré-sal está incluído no plano de desinvestimento. 

Desvios

Pivô da Lava-Jato, a estatal sofre restrições para obter financiamentos em condições interessantes. Por isso, deve reduzir em 20% o plano de investimentos do período 2014-2017, previsto em US$ 220,6 bilhões.

A empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers negou-se a assinar o balanço da Petrobras relativo ao terceiro trimestre sem que perdas com a corrupção fossem lançadas no documento. O demonstrativo foi publicado sem a assinatura dos auditores. A estatal ainda é alvo, no país e no exterior, de ações que pleiteiam indenização por prejuízos a investidores.