SÃO PAULO

Um novo panelaço foi realizado ontem à noite em pelo menos cinco capitais, segundo relatos nas redes sociais. Em São Paulo, Rio, Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte, moradores foram para as janelas bater panelas quando a presidente Dilma Rousseff apareceu em reportagem exibida pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, falando dos protestos de domingo.

A manifestação havia sido convocada pelo movimento Vem Pra Rua, um dos que organizaram os atos contra Dilma anteontem. Na capital paulista, o panelaço foi registrado de norte a sul. Em bairros como Pinheiros, Vila Madalena, Lapa, Mooca, Moema, Brooklin e Santa Cecília, os moradores atenderam ao chamado das redes sociais. No Rio, houve protestos em bairros como Copacabana e Botafogo.

É o terceiro panelaço em uma semana contra o governo. O primeiro ocorreu durante pronunciamento da presidente na TV, há oito dias. Anteontem, enquanto os ministros José Eduardo Martins Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) concediam uma entrevista para avaliar os protestos da tarde, novamente moradores bateram panelas em diversos estados.

Lideranças dos três principais movimentos que organizaram a mobilização de domingo marcaram para o próximo dia 12 de abril um novo ato. Ontem, eles se disseram surpresos com o número de pessoas que participaram dos protestos por todo país (pelo menos dois milhões, segundo estimativas oficiais). A página do evento criado pelo Movimento Brasil Livre diz que "o próximo será maior". Mais de 45 mil pessoas já confirmaram presença.

O líder do movimento Vem Pra Rua, Rogério Chequer, ainda não confirmou se apoiará o protesto do dia 12, mas afirmou que o protesto de domingo foi um "sucesso":

- A quantidade de indignação refletiu na quantidade de pessoas e de grupos diferentes, tudo pacificamente. Sinal que as mobilizações podem continuar sendo feitas de forma democrática e construtiva.

 

MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO JÁ TRAMITAM NO LEGISLATIVO

Brasília

As medidas anticorrupção que a presidente Dilma Rousseff pretende enviar ao Congresso como resposta às manifestações do último domingo já tramitam na Câmara e no Senado e, até o momento, o governo não havia se empenhado na sua aprovação. Esse pacote foi anunciado durante a campanha à reeleição para tentar tirar a presidente Dilma da defensiva, em meio ao escândalo na Petrobras.

Um dos itens que fazem parte do pacote de Dilma é a transformação da prática de caixa dois em crime. Em julho de 2013, o senador Jorge Viana (PT-AC) apresentou projeto com essa tipificação. A proposta está numa das comissões da Casa. Viana acredita que um projeto enviado pelo Executivo tramita com mais rapidez e tem mais chance de ser aprovado:

- As tramitações demoram, tem proposta para todo gosto na Câmara e no Senado. O fato de a presidente da República apresentar dá um sinal forte. Não é suficiente, mas é importante. Quando ela apresenta, há empenho dos presidentes da Câmara e do Senado, e dos líderes da base, para aprovar - disse Viana.

caixa dois levaria à prisão

Pela proposta do senador, o caixa dois será punido com pena de cinco a dez anos de prisão, além de multa. Atualmente, é considerado contravenção, e não crime, e punido com suspensão dos repasses do fundo partidário para o partido. Já o candidato tem seu registro cancelado ou o diploma cassado.

Jorge Viana é irmão do governador do Acre, Tião Viana (PT), que teve inquérito aberto, por autorização do Superior Tribunal de Justiça, para investigar suposta participação no esquema de corrupção na Petrobras.

Outra medida defendida por Dilma na campanha, e que deve constar no pacote, é a punição de agentes públicos que apresentarem enriquecimento sem justificativa. Um projeto com esse teor, apresentado pelo senador Papaléo Paes (PSDB-AP), já foi aprovado pelo Senado e está na Câmara. A ele foram anexados outras propostas que tratam do mesmo assunto.