Título: Discurso no Senado
Autor: Rothenburg, Denise; Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 02/08/2011, Política, p. 3

O senador e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) discursa hoje, no Senado, para dar sua versão sobre as irregularidades cometidas na pasta que levaram à demissão dele e de outras 20 pessoas. O objetivo é fazer uma defesa do PR, tentar limpar a imagem da legenda e frisar que seu partido merece o respeito do governo.

Nascimento pretende enfatizar que, ao contrário das denúncias publicadas pela imprensa nas últimas semanas, o PR não montou um balcão de negócios para desviar dinheiro público a fim de engordar os próprios cofres. Ele ainda vai dizer que não há prática criminosa nos aditivos de contratos e que as obras em rodovias e na Ferrovia Norte-Sul eram avaliadas periodicamente por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Na véspera do discurso, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reuniu-se com integrantes do PR, entre eles o líder da legenda na Câmara, Lincoln Portela (MG), para saber o tom do pronunciamento de Nascimento e reafirmar que a presidente Dilma vê na legenda uma forte aliada no Congresso.

O ministro pediu demissão em meio à turbulência que atingiu a pasta, no início do mês passado. Reportagem da revista Veja mostrou que empresários e consultorias de engenharia pagavam "comissão" ao PR de até 5% sobre o valor das obras do governo federal. O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), secretário-geral da legenda, seria responsável por filtrar as empresas que poderiam assinar contratos com o Ministério dos Transportes.

Entre as irregularidades detectadas, algumas se destacaram pelo elevado valor, como o superfaturamento de R$ 4,5 bilhões no orçamento de projetos em ferrovias tocados pela estatal Valec Engenharia, o que irritou a presidente Dilma Rousseff e culminou com a troca de comando da pasta.

PAC é o critério A presidente está disposta a estender a faxina realizada no Ministério dos Transportes a outras áreas do governo, e pretende usar como critério o desempenho das pastas em obras prioritárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ordem no Planalto é manter apenas quem apresentar resultados e boa execução dos projetos contidos na iniciativa, independentemente da filiação ou do padrinho político.