Em apenas 90 dias do seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff teve a segunda baixa na sua equipe, no intervalo de uma semana, e está com dois ministérios sem titular. Desgastado pelo vazamento de uma análise interna de sua pasta, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o jornalista Thomas Traumann, pediu demissão, e a presidente aceitou.

Na semana passada, Cid Gomes, após um tenso bate-boca na Câmara e um enfrentamento com o PMDB do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deixou o comando do Ministério da Educação (MEC). Com duas vagas abertas, e um interesse grande do PT nas verbas de publicidade da Secom, aliados veem a oportunidade para Dilma fazer uma reforma ministerial que fortaleça a base governista no Congresso.

Há três nomes cotados para a Secom. O PT defende a indicação do ex-deputado estadual Edinho Silva (SP), que foi tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição. O nome da preferência do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) é o do deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ). Mas há movimentos no governo pela indicação de Américo Martins, vice-presidente da EBC.

Enquanto não é escolhido o novo ministro, o secretário-executivo da Secom, Roberto Messias, assume interinamente o cargo. Segundo nota oficial da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto, a presidente “agradeceu a competência, dedicação e lealdade de Traumann no período como ministro e porta-voz”. Segundo fontes, embora haja pressão para que as verbas de publicidades passem para outra pasta comandada pelo PT, Dilma garantiu que elas continuarão na Secom.

 

Dilma tentou convencer traumann a ficar no cargo

Antes do pedido de demissão ser formalizado por Thomas Traumann, a presidente Dilma Rousseff pediu a emissários que lhe perguntassem se ele se disporia a ficar no cargo, mesmo após o vazamento do documento com críticas à política de comunicação do governo. Caso ele aceitasse ficar, o Palácio do Planalto o ajudaria a preparar a sua explicação sobre o documento, quando fosse ao Congresso. A oposição aprovou convite para Traumann explicar o uso das verbas de publicidade da Secom. Ele, porém, disse à presidente que era hora de sair.

Em dezembro, Traumann pediu demissão. Dilma não aceitou e ambos combinaram que ele ficaria no cargo até junho deste ano. O vazamento do documento - que diz que a comunicação do governo é "errada e errática" e que o país vive um "caos político" - precipitou sua saída.

petrobras, possível destino

Não está confirmada a informação que circula no governo de que Traumann irá para a Petrobras, cujo cargo de gerente de comunicação ficou vago, com a saída de Wilson Santarosa. Na última segunda-feira, Dilma reuniu sua coordenação política: cobrou mais integração entre os ministérios e melhoria na estratégia de comunicação. A presidente discutiu a comunicação do governo com dez ministros e o vice-presidente Michel Temer; Thomas não estava na reunião.

Escalado para relatar a reunião com a Dilma, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, disse que ela cobrou uma melhor comunicação do governo com a sociedade..

- Não tem nenhum sentido nós termos no mesmo dia dois ministros falando do mesmo tema, quando pode um ministro ir para um estado, outro ministro para outro estado. Ficou definido que, com a coordenação da Secom, vai haver essa organização da comunicação do governo, através dos ministros. Também foi ratificada a importância de que a equipe econômica continue o seu trabalho de comunicação com o Congresso - afirmou naquele dia o ministro das Cidades.