O ministro da Saúde, Arthur Chioro, defendeu ontem o Mais Médicos e afirmou que o programa já garantiu o atendimento a cerca de 50 milhões de brasileiros. Chioro disse ainda que o programa é bem avaliado pela população, apesar de ter sido alvo de denúncias nos últimos dias. Na semana passada, reportagem do "Jornal da Band" mostrou a gravação de uma reunião realizada no Ministério da Saúde em 2013 para tratar dos termos do acordo que viria a viabilizar o trabalho de médicos cubanos no Brasil. Segundo a reportagem, assessores ministeriais discutiram estratégias para mascarar as cláusulas que atenderiam aos interesses do governo de Cuba.
- Estamos muito tranquilos, muito seguros. Estamos respeitando toda a legislação e não há nenhum benefício (aos cubanos) - disse Chioro: - Até porque os médicos brasileiros, em todas as etapas, sempre tiveram prioridade de escolha. Depois dos médicos brasileiros, os médicos brasileiros formados no exterior. Depois vieram os estrangeiros de outras nacionalidades. E só as vagas não preenchidas por nenhum médico foram destinadas aos cubanos através da cooperação da Opas.
Segundo Chioro, não dá para falar em privilégio, "à medida que toda uma sequência de oportunidades foram dadas e continuam sendo sendo dadas, até porque estão previstas na lei aprovada no Congresso Nacional, e que transformou o Mais Médicos em uma política de Estado, ou seja, capaz de garantir atenção básica de qualidade à população brasileira".
Na semana passada, a Opas já tinha soltado nota defendendo o Mais Médicos e lembrando que os projetos de cooperação com os países são implementados cumprindo marcos legais e as normas internacionais. O representante da Opas no Brasil, Joaquín Molina, criticou a reportagem da TV Band.
- Não dá para opinar sobre uma gravação secreta antiga da qual ninguém da Opas participou. Para a gente foi triste: divulgaram não toda a gravação, mas a parte que interessava - disse Molina.
Até 2014, os cubanos representavam 79% dos 14.462 profissionais do Mais Médicos. Este ano, houve novo edital para selecionar médicos para 4.146 novas vagas, as quais foram parcialmente preenchidas por brasileiros, sem a necessidade de recorrer a Cuba até o momento.