Título: Os campeões dos celulares
Autor: Braga, Gustavo Henrique; Freitas, Jorge
Fonte: Correio Braziliense, 02/08/2011, Economia, p. 13

Os moradores do Distrito Federal têm, em média, duas linhas de telefonia móvel, quase o dobro da marca nacional. Renda ajuda

O Distrito Federal está prestes a se tornar a primeira unidade da Federação a alcançar a marca de dois celulares por habitante. Dados do mais recente balanço da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que os brasilienses têm, em média, 1,9 linha, enquanto o índice nacional é de 1,1. O último colocado é o Maranhão, com 0,6 celular para cada morador. Os números colocam a capital do país como ponto estratégico de investimentos das operadoras, tanto que a cidade será a primeira do Brasil a ter internet móvel de quarta geração.

Eduardo Tude, analista da consultoria Teleco, atribui o alto índice de celulares por habitante em Brasília a fatores econômicos e geográficos. "Além de contar com a maior renda per capita do país, quase todo o território do Distrito Federal é uma área urbana, com alta densidade de consumidores", explicou. No entender do especialista, apesar da grande quantidade de aparelhos, ainda é cedo para dizer que o mercado esteja saturado, porque há uma tendência forte de aumento do número de dispositivos, como tablets, e modens 3G ¿ que também entram para a estatística da Anatel.

"Quando o Brasil chegou à marca de um celular por habitante, falou-se em saturação do mercado. Mas, desde então, o número de dispositivos só cresceu", recordou Tude. A marca de um celular por habitante no Brasil foi superada em outubro do ano passado. Naquele mês, 12 estados já haviam batido o número. Hoje, são 17. No cálculo por regiões, Centro-Oeste, Sudeste, e Sul têm mais de um aparelho por morador. A empresa líder de mercado é a Vivo, com 29% de participação. Na segunda posição estão empatadas Claro e Tim, com 25% cada, e, em quarto, aparece a Oi, com uma fatia de 19%.

Bônus No que depender de Lisiane de Freitas Diniz, 30 anos, chefe de Recursos Humanos, o índice vai crescer cada vez mais. Ela tem três celulares e chips de quatro operadoras. Lisiane usa um aparelho exclusivamente para o trabalho e, os outros dois, com dois chips cada, para fins pessoais. "O celular da empresa fica no escritório, não ando com ele. Os outros servem para ter acesso a todas as operadoras. Tenho despesa de cerca de R$ 30 por mês.

Ganho bônus e, assim, fica mais barato falar com todo mundo que quero, já que cada um tem uma operadora. Daí posso fazer as ligações sem gastar demais", afirmou. Suas amigas Stephanie Soares e Laura Rodrigues seguem a estratégia de ter várias linhas para economizar.

A advogada Andreia Costa, 28 anos, também procurae economizar com o bônus de diferentes operadoras: ela tem nada menos que cinco telefones móveis. "Cada operadora tem um plano diferente e a gente usa os aparelhos conforme os créditos que temos", justificou. Andreia calcula ter um gasto mensal com telefonia de R$ 170, incluindo o telefone fixo e o serviço de banda larga. Já a corretora de imóveis Clésia Vieira Santos, 29 anos, usa dois aparelhos para fazer contato com os clientes. "Uso mais de um porque fica mais barato. A empresa faz cadastro e nos manda ligar para os clientes, mas existem as pessoas que nos procuram dentro da loja e com as quais temos que fazer contato", explicou.