A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) reconheceu em depoimento à Polícia Federal que pediu contribuições a pelo menos cinco das grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas negou que tenha recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef ou do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, também negou que tenha intermediado pedido de dinheiro a Costa ou a Youssef para a campanha da mulher ao Senado em 2010. Segundo Gleisi e seu marido, todos os recursos da campanha foram legalmente declarados à Justiça Eleitoral.

Em inquérito aberto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), a senadora é investigada por, supostamente, ter recebido R$ 1 milhão de Paulo Roberto Costa em transação intermediada por Youssef. O dinheiro teria sido repassado pelo doleiro ao empresário Ernesto Klugler Rodrigues, amigo de Gleisi e Paulo Bernardo. Interrogada pelo delegado Thiago Machado Baladary no último dia 14, na sede da PF em Brasília,Gleisi afirmou que não conhece Youssef e que Kluger buscou a adesão de empresários à campanha, mas não atuou na arrecadação de dinheiro.

A senadora reconheceu, no entanto, que pediu contribuições a Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez. Gleisi sustenta, no entanto, que todas as doações foram devidamente registradas e que não houve qualquer promessa de contrapartida.

A senadora foi confrontada com um trecho de uma agenda de Paulo Roberto Costa em que o ex-diretor da Petrobras anotou: "1,0 PB". Em um dos depoimentos da delação premiada, o ex-diretor disse que este era o registro da doação à campanha de Gleisi. A senadora respondeu, então, que existem muitas contradições entre os depoimentos de Costa e Youssef sobre o assunto.