Título: Fogo ameaça áreas ambientais
Autor: Sakkis, Ariadne; Lins, Thalita
Fonte: Correio Braziliense, 02/08/2011, Cidades, p. 24

Focos registrados nas proximidades da Estrutural e no Parque Nacional inauguraram a temporada crítica para o avanço das queimadas

Historicamente, agosto e setembro são os meses mais críticos em relação ao avanço de queimadas no Distrito Federal. Ontem, o primeiro dia do bimestre e o segundo mais seco do ano, com 19% de umidade relativa do ar, 86 focos de incêndio assolaram diferentes cidades. Alguns deles provocaram estragos e deixaram áreas de proteção ambiental vulneráveis.

Os quatro piores incidentes ocorreram em Samambaia, na Floresta Nacional (Flona), na Estrutural e no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Até o fechamento da edição, os bombeiros tentavam evitar a invasão de chamas da Estrutural no Parque Nacional de Brasília e na Flona, área situada entre a DF-180, em Brazlândia, e o Rio Descoberto.

O incêndio de maior proporção atingiu as proximidades do Clube Thermas, localizado no Km 7 da DF-180, em Samambaia, e resistiu seis horas até ser contido por cinco homens e um carro de água do Corpo de Bombeiros. Das 12 às 18h, três focos de incêndio arrasaram a vegetação de 319 mil metros quadrados, ou seja, 31,9 hectares da região. Devido ao tamanho do estrago, foi considerado de grande proporção pelos bombeiros.

Dois focos de médio porte assolaram as proximidades do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, por volta das 12h. O fogo só foi contido após quase cinco horas. Faltou pouco para que as labaredas atingissem o prédio da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e de uma concessionária de carros. Um dos focos cobriu área de quase oito hectares.

Próximo à Estrutural, o fogo que ameaçava o Parque Nacional de Brasília também começou por volta das 12h, na mata vizinha à Quadra 8. Os militares mantiveram a integridade da área de proteção ambiental, informação confirmada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelo local.

O Parque Nacional protagonizou o maior incêndio do ano passado e teve um terço da área, ou seja, 16 mil hectares, queimado.

Entretanto, as chamas avançaram para a direção oposta da ação e queimaram parte da mata ciliar às margens de um córrego. Às 16h, as labaredas eram visíveis da Quadra 2 da Via Estrutural.

Perigo Entre 1º de maio e 28 julho, 1.142 focos de incêndio, sem contar os registrados ontem, destruíram 2.015 hectares de vegetação no DF, segundo dados do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros. Isso corresponde a 1.865 campos de futebol. "Estamos entrando no período mais crítico do ano. As pessoas precisam ter cuidado e evitar atear fogo em folhas, jogar pontas de cigarro, fazer fogueiras. A maioria dos incêndios começa propositalmente", explica o major Marcos Antônio Apolônio, subcomandante do Grupamento de Proteção Ambiental dos Bombeiros.

Até agora, o pior incêndio ocorreu em 6 de julho, o dia mais quente do mês anterior e menos úmido do ano, com 16% de umidade relativa do ar. Na ocasião, uma unidade de conservação próxima à Fazenda Água Limpa, pertencente à Universidade de Brasília (UnB), foi atingida por uma grande queimada, que ocupou 142 hectares.