Pizzolato deve voltar em 11 de maio direto para ala especial da Papuda

 

Ex-diretor do bb ficará preso perto de ex-deputado e de outros mensaleiros

Renata Mariz e

Jailton de Carvalho

opais@oglobo.com.br

Escândalos em série

BRASÍLIA

Condenado no processo do mensalão, o ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato será trazido para o Brasil no dia 11 de maio, em avião comercial, e cumprirá pena ao lado de velhos conhecidos do escândalo de corrupção. Ele deverá ficar preso na ala de vulneráveis do Centro de Detenção Provisória (CDP), dentro do Complexo da Papuda, em Brasília, onde estão os publicitários Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.

Os dois eram sócios de Marcos Valério na agência de propaganda DNA, que recebeu repasses feitos por Pizzolato.

- Já estamos preparados (para receber Pizzolato). A decisão judicial dirá onde colocá-lo. Provavelmente será na ala dos vulneráveis - afirma João Lóssio, subsecretário do Sistema Penitenciário do DF.

Além de Hollerbach e Paz, o ex-deputado Natan Donadon, condenado por peculato e formação de quadrilha, e José Carlos Alves dos Santos, ex-consultor da Câmara envolvido no escândalo dos anões do Orçamento, também estão na ala de vulneráveis.

De acordo com a condenação, Pizzolato destinou R$ 73,8 milhões que o BB tinha no fundo da Visanet à DNA, que era contratada do banco e foi usada no esquema. Em troca, o ex-diretor de Marketing recebeu R$ 336 mil de propina.

Construída entre 2013 e 2014 no bloco 5 do CDP, a ala de vulneráveis tem um padrão especial. As celas contam com portas de madeira no banheiro, sanitário elevado, lavatório de louça, chuveiro quente, parte do piso coberto com cerâmica e beliche. Na outra extremidade do mesmo prédio ficam as celas destinadas a ex-policiais. No local, há ainda espaço para presos federais. O dia de visitas aos detentos do bloco é sexta-feira. No restante da Papuda, ocorrem às quartas e quintas.

Devido à superlotação carcerária, o Ministério Público do DF solicitou que o prédio onde funcionava o Núcleo de Arquivos do CDP fosse transformado em pavilhão para receber presos. Mas, ao verificar o padrão luxuoso das instalações em uma inspeção, o MP solicitou mais controle nas transferência de detentos, a fim de coibir privilégios. O sistema penitenciário havia sido alvo de denúncias de regalias concedidas a condenados do mensalão.

Para Lóssio, não há qualquer privilégio no padrão das celas da ala vulnerável. Ele atribui as instalações melhores ao fato de ser um local reformado recentemente. Há até uma cantina para os detentos da ala. Além disso, eles contam com um pátio exclusivo. Tomam banho de sol sem se misturar aos demais presos. Podem ter televisão e ventilador nas celas. Lóssio destacou que Pizzolato será submetido ao mesmo tratamento oferecido aos outros detentos, "sem qualquer privilégio, respeitando os direitos que o preso tem".

Segundo uma autoridade que acompanha o caso da extradição, 11 de maio é a data em que Pizzolato estará à disposição das autoridades brasileiras, de acordo com comunicado formal que o governo italiano encaminhou à embaixada do Brasil em Roma, ontem. Na quinta-feira passada, o Ministério da Justiça da Itália autorizou a extradição de Pizzolato para o Brasil, conforme decisão da Corte de Cassação de Roma.

- Pizzolato será liberado pela Itália em 11 de maio. A partir daí, teremos 20 dias para retirá-lo de lá. Mas isso vai ser feito no dia 11 mesmo - disse uma autoridade ao GLOBO.

Delegados da PF devem se reunir hoje para acertar os detalhes da transferência. Um delegado e dois agentes da Interpol deverão vão viajar dia 8 de maio, uma sexta-feira.