Dilma desiste de pronunciamento no 1º de maio

 

Na última fala da presidente na tv, houve panelaço pelo país, mas ministro nega que essa tenha sido a razão

Simone Iglesias e Luiza Damé

opais@oglobo.com.br

BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff decidiu que não fará pronunciamento de rádio e TV na próxima sexta-feira, Dia do Trabalho. Na reunião de coordenação política, ontem à noite, foi decidido que será realizada apenas uma ação nas redes sociais. Esta será a primeira vez, desde que Dilma assumiu a Presidência da República em 2011, que ela não utilizará a cadeia nacional no feriado de 1º de Maio para falar aos trabalhadores e prestar contas das ações do governo. Segundo o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, a decisão não foi tomada por medo de protestos como um panelaço.

- Não, não é isso (medo de panelaço). A presidente vai dialogar com trabalhadores e trabalhadoras pelas redes sociais. Não vai haver pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, vamos valorizar outros modais. Foi uma decisão coletiva e unânime da coordenação de que deveria dialogar pelas redes sociais - afirmou.

No fim de semana, a presidente chegou a pedir a ministros que sugerissem medidas para serem anunciadas na sexta-feira. Entre elas, determinou que líderes da base aliada vissem o andamento da medida provisória do reajuste do salário mínimo, que o Palácio do Planalto apresentou no mês passado. A medida prevê reajuste real do mínimo, mas ainda não tem data marcada para ser votada. Na semana passada, foi instalada a comissão especial para analisá-la.

- Foi uma decisão de valorizar outros modais de comunicação. Ela valoriza as rádios, a comunicação impressa, a televisão. Ela resolveu, desta vez, valorizar as redes sociais. A presidente não teme nenhuma forma de manifestação oriunda da democracia - disse o ministro.

No último pronunciamento da presidente, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em vários pontos do país houve manifestações durante sua fala: as pessoas bateram panelas, piscaram as luzes de seus apartamentos, buzinaram e alguns gritaram "Fora, Dilma". No domingo seguinte, quando os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, falavam sobre os protestos pelo país, novamente houve um panelaço.