Delator diz que dirceu fez lobby junto à estatal

 

Julio camargo também relata reuniões com eduardo cunha

O executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, disse em delação premiada prestada à PF no dia 8 e enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu interveio junto ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli para que a multinacional ganhasse contratos com a estatal. Camargo ressaltou que a petroleira não atendeu aos pedidos e que a empresa não pagou propina a Dirceu.

Roberto Podval, advogado de Dirceu, disse ao G1 que não teve acesso ao depoimento, mas que todos os trabalhos do ex-ministro foram feitos por contratos regulares. Ele lembrou que seu cliente não estava no governo no período relatado, motivo pelo qual não haveria tráfico de influência.

No mesmo depoimento, Camargo relatou que teve três conversas com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quando ele comandava a bancada do PMDB. Segundo o executivo, nesses encontros, foram discutidos investimentos nos portos de Santos, Paranaguá e Salvador. À época, tramitava no Congresso a medida provisória que regulamentou o setor.

O delator contou que Cunha prometeu que, se Camargo tivesse financiamento junto a bancos japoneses, faria "gestões" para a contratação da multinacional. O executivo ressalvou, no entanto, que o projeto não deu certo.

Ao G1, o presidente da Câmara afirmou que "provavelmente conheceu Júlio Camargo", mas que não houve nenhuma irregularidade nos contatos. Ele destacou que se envolveu na discussão da MP dos Portos e "foi muito consultado" sobre o tema.

Gabrielli disse não ter "a menor ideia" sobre o conteúdo das declarações de Camargo e ressaltou ter certeza de que nunca manteve nenhuma conversa com esse teor com Dirceu.