Diretor da Camargo diz que Odebrecht chefiava cartel

 

Delator admite ter pago r$ 110 milhões em propina

Renato Onofre e

Germano oliveira

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Escândalos em série

SÃO PAULO

O presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, afirmou em delação premiada que a construtora Norberto Odebrecht "capitaneava" a organização do cartel na Petrobras, conhecido como "Clube das empreiteiras", impondo "suas preferências" e recebendo "os maiores volumes de contratos". Avancini disse que a Odebrecht controlou, por exemplo, a divisão das obras de um dos principais projetos da Petrobras: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

O presidente da Camargo Corrêa detalhou como funcionava o cartel. Ele afirmou que cabia a Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, a tarefa de coordenação do cartel, mas que as decisões eram tomadas conforme a importância da empresa no mercado. Avancini disse que tanto a UTC quanto a Odebrecht impunham suas posições em função do "relacionamento estreito com a Petrobras" e, com isso, garantiriam os melhores contratos.

Também em delação, o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, admitiu ter pago R$ 110 milhões em propinas, entre 2007 e 2012. De acordo com as investigações, o dinheiro abasteceu os cofres do PT e do PP. Segundo Leite, cerca de R$ 63 milhões foram pagos através do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, e R$ 47 milhões a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.

"Com o pagamento de propina, a construtora se mantinha no mercado e tornava-se mais fácil performar", justificou Leite aos investigadores.