Título: Crise assusta Espanha e Itália
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Fonte: Correio Braziliense, 04/08/2011, Economia, p. 14

Madri ¿ O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, convocou ontem a ministra da Economia, Elena Salgado, para uma reunião de urgência. O objetivo foi "analisar os últimos movimentos dos mercados financeiros", depois da forte alta do prêmios de risco ¿ juros exigidos pelos investidores para aplicar seus recursos em títulos do governo. Desde terça-feira, a taxa cobrada pelos papéis da Espanha superou a dos títulos alemães, e passou, pela primeira vez, dos 400 pontos.

Diante dos recordes dos prêmios de risco dos dois países e o do mercado turbulento, autoridades europeias pediram a rápida implementação dos acordos já alcançados para combater a crise da dívida soberana que atinge Espanha e Itália. Mas o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, classificou de "injustificadas" as tensões em relação ao governo italiano, levando em conta os fundamentos econômicos e orçamentários do país.

"É essencial que avancemos rapidamente para a implementação (das medidas fechadas antes da crise da dívida na Zona do Euro) e que enviemos um sinal inequívoco de nossa determinação ao responder com os meios adaptados à gravidade da situação", instou Barroso, em um comunicado às autoridades do Velho Continente. Ele pediu aos chefes de Estado e de governo que garantam a adoção das ações necessárias "sem demora", referindo-se à aplicação dos acordos alcançados no mês passado.

Fragilidade Na ocasião, os presidentes concordaram em redobrar a ajuda à Grécia e modificar o fundo de resgate da Zona do Euro para que ele possa comprar dívida de um Estado-membro em dificuldades ¿ uma mudança que requer a aprovação prévia dos parlamentos nacionais. Na mesma linha, Zapatero e o presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, concordaram sobre a "necessidade" de aprovar, o quanto antes, os compromissos firmados a fim de levar confiança aos mercados financeiros.

Os investidores temem uma perigosa combinação da elevada dívida pública que os Estados europeus carregam com um crescimento frágil, uma tônica que poderá se manter até o fim do ano, conforme advertiu a agência de classificação de risco Standard and Poor"s.

SUÍÇA MEXE NO CÂMBIO Para lutar contra a valorização do franco suíço frente ao euro e ao dólar, o Banco Nacional Suíço (BNS, o Banco Central do país) reduziu a um nível próximo de zero a margem de flutuação da taxa Libor, seu principal instrumento de política monetária. A medida provocou efeito imediato, levando a moeda local a deixar as máximas recordes ¿ altas de 17% sobre o dólar e de 11% sobre o euro neste ano.