Brasil não espera desculpa dos EUA

 

Flávia Barbosa / Catarina Alencastro

CIDADE DO PANAMÁ — O governo brasileiro não espera que o presidente americano, Barack Obama, peça desculpas à presidente Dilma Rousseff pela espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA), revelada pelo ex-funcionário Edward Snowden, em agosto de 2013. O episódio abalou as relações dos dois países.

O assessor especial internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que no encontro reservado que Obama e Dilma terão no sábado à tarde durante a VII Cúpula das Américas não deve haver pedido de desculpas por parte do americano. Segundo ele, os americanos se manifestaram no sentido de não seguir espionando Dilma. E que esse compromisso, para o Brasil, é suficiente.

— Essa questão não está colocada (pedido de desculpa). Há uma disposição do governo americano, naturalmente, de não repetir essas questões. E nós estamos convencidos que isso, no momento, basta — disse Marco Aurélio, ao desembarcar no Panamá para participar da cúpula.

Sobre a declaração de Dilma à CNN de que não é aceitável a prisão de políticos na Venezuela, o assessor disse que não houve mudança de posição do Brasil.

— A presidente tem sempre uma posição muito clara no que diz respeito às questões de respeito aos direitos humanos. Mas o aspecto essencial da nossa política é buscar um acordo entre governo e oposição, que em parte já foi alcançado. Tanto é que as manifestações de violência de rua já desapareceram e que nós esperamos que possa desembocar neste ano nas eleições. A posição do Brasil não mudou, sempre foi a mesma.As leituras da posição do Brasil é que mudaram — disse.

Marco Aurélio criticou as sanções do governo americano contra a Venezuela, listando o país como ameaça à sua segurança nacional. E disse que Dilma tentará intermediar um diálogo entre Estados Unidos e Venezuela nas conversas que manterá com os presidentes dos dois países na cúpula.

— Nós vamos, na conversa com o presidente Obama, na conversa com o presidente Maduro, que aliás já houve uma conversa telefônica na quarta-feira... A mediação é.. nos parece que a medida adotada pelo governo americano é uma medida que não procede. Aliás, os próprios funcionários do governo americano (acham isso) — disse Marco Aurélio, em referência indireta ao fato de o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, ter dito que a listagem da Venezuela como ameaça aos Estados Unidos foi apenas uma medida "pro forma".