Saúde suspende os pagamentos a agência

 

Caixa vai abrir apuração interna; produtoras afirmam ter pagado bônus às empresas indicadas pela borghilowe

Escândalos em série

BRASÍLIA E SÃO PAULO

O Ministério da Saúde informou ontem que suspendeu os pagamentos à agência de publicidade BorghiLowe, contratada por licitação pela pasta em 2010. O ministério anunciou também que não vai autorizar novas ordens de pagamento para a empresa e criou uma comissão de sindicância para avaliar a regularidade da execução do contrato que mantém com a BorghiLowe.

Os contratos com a agência são renovados ano a ano pelo Ministério da Saúde desde 2010, sem novas disputas entre empresas da área. A pasta informou ontem que a última concorrência pública ocorreu em 2010, ano em que quatro agências foram selecionadas para campanhas de utilidade pública. "Os contratos cumprem todos os requisitos exigidos na legislação de licitação. Os contratos têm vigência de um ano, podendo ser renovados por até cinco anos", diz a nota.

O ministério informou que abriu uma apuração interna para analisar as denúncias de irregularidades. "As informações dos contratos de publicidade, do período em análise pela Polícia Federal, serão encaminhadas para a Controladoria Geral da União e a Polícia Federal, e ficarão à disposição dos demais órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União e Ministério Público, para reforçar as medidas de controle e auxiliar nas investigações", afirma a nota.

Em nota, a Caixa disse que abrirá apuração interna para averiguar os fatos revelados hoje pela PF . O banco diz ainda que "colaborará integralmente com as investigações e informa que encaminhará imediatamente todos os contratos relacionados às empresas citadas a Controladoria Geral da União, Polícia Federal e Ministério Público".

Já a BorghiLowe disse que cooperou atendendo à ordem judicial do mandado de busca cumprido nos escritórios da agência. A empresa destacou que pretende continuar colaborando com as investigações e afirmou entender que as autoridades buscavam informações sobre um ex-funcionário. Segundo a agência, Ricardo Hoffmann deixou o cargo de diretor em Brasília no fim do ano passado.

A Zulu Filmes confirmou que presta serviços rotineiramente para a BorghiLowe, mas negou pagar bônus de volume. Também disse desconhecer as empresas ligadas a Vargas. A Sagaz Filmes informou que foi contratada pela agência BorghiLowe como prestadora de serviços para realizar filmes para CEF e Ministério da Saúde, com contratos de trabalho registrados nos órgãos competentes, sem qualquer irregularidade. Declarou ainda que os pagamentos de bônus de volume forem feitos para a Limiar e a LSI por indicação da BorghiLowe. A produtora paulistana Atakk informou que, por enquanto, não vai se pronunciar. A e-Noise não respondeu.

A Conspiração disse que foi instruída pela BorghiLowe a pagar o bônus de volume "para duas empresas ligadas a agência". "Foi uma surpresa saber que estas empresas que receberam o BV pela agência são de propriedade de políticos. Agimos com a confiança que sempre depositamos nos nossos parceiros e, se tivéssemos conhecimento de qualquer irregularidade, teríamos recusado o job".

O advogado de André Vargas e de seu irmão Leon, João Gomes Filho, disse que não teve acesso ao processo. A defesa de Pedro Corrêa informou que ainda não vai se manifestar sobre a prisão. O GLOBO não conseguiu falar com os advogados do ex-deputado Luiz Argôlo. O Solidariedade, partido do parlamentar, informou que o afastou das atividades partidárias e abriu processo de expulsão.