Coaf suspeita de 50 nomes citados no Swissleaks

 

Chico Otavio, Cristina

Tardáguila e Ruben Berta

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O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, informou à CPI do HSBC que 50 de 126 brasileiros ligados a contas secretas do banco suíço realizaram movimentações financeiras com "indícios de ilícitos" nos últimos anos. As movimentações, porém, não estão necessariamente ligadas ao caso HSBC.

Os 126 nomes pesquisados pelo Coaf foram selecionados pela CPI a partir de algumas das reportagens publicadas pelo GLOBO, em parceria com o UOL, e representam 1,45% dos 8.667 brasileiros que constam nos documentos vazados do banco de Genebra em 2008.

Entre as 50 pessoas que já fizeram transações financeiras suspeitas, há doleiros, um banqueiro do jogo do bicho, um apresentador de TV, empresários e ex-auditores fiscais. O documento confidencial, que traz todos eles, será usado na CPI.

Diariamente, o Coaf recebe cerca de 5 mil comunicados de instituições financeiras sobre transações de alto valor, saques e depósitos em dinheiro vivo superiores a R$ 100 mil, assim como movimentações consideradas atípicas ou em desacordo com o histórico dos clientes. A maior parte desses comunicados não revela transações suspeitas, mas alguns caem no pente-fino e são analisados por técnicos do conselho.

As transações com "indícios de ilícitos" geram Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) e seguem para autoridades no Banco Central, Receita, Polícia Federal e Ministério Público.

No ranking dos brasileiros na lista do HSBC e que têm mais RIFs abertos no Coaf, em primeiro vem o doleiro Chaim Henoch Zalcberg. Em 2005 e 2011, ele foi alvo de operações feitas pela PF para desbaratar uma quadrilha acusada de fraudar licitações, evadir divisas e lavar dinheiro. Em seu nome, há 15 RIFs. O mais recente foi aberto em 18 de março, seis dias depois da reportagem que revelou sua presença nos documentos do HSBC. Seu caso foi encaminhado à PF.

O segundo lugar no ranking dos correntistas com mais "indícios de ilícitos" é de Ailton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães e tido como um dos principais chefes do jogo do bicho. Contra ele, o Coaf tem 14 RIFs, o último data de 20 de março, uma semana depois de ele aparecer no caso SwissLeaks. O comunicado seguiu para a PF.

O terceiro na lista é Ettore Tedeschi, preso na Operação Sexta-Feira 13, feita pela PF contra evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ele tem 13 RIFs, o último deles enviado à Procuradoria Geral da República no dia 23 de março.

Ainda estão no documento do Coaf, por exemplo, Carlos Roberto Massa, o Ratinho, com duas movimentações suspeitas; o empresário Jacks Rabinovich, ex-CSN, com três RIFs; e a auditora Lilian Nigri, que foi superintendente de Fiscalização da Secretaria de Fazenda do Rio, com uma movimentação suspeita.