Valor econômico, v. 15, n. 3738, 17/04/2015. Empresas, p. B4

 

Vendas em abril têm queda de 26% na comparação anual

 

Por Victória Mantoan | De São Paulo

Após um primeiro trimestre decepcionante para o setor e com revisão das estimativas da Anfavea, entidade que reúne as empresas fabricantes de automóveis com produção no Brasil, a indústria automotiva caminha para uma recuperação das vendas em abril na comparação com março, mas deve ficar ainda bem abaixo do mesmo período de 2014. Até o dia 15, foram vendidos 103,994 mil veículos novos, considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O volume representa aumento de 7% em relação a março, mas queda de 26% na comparação anual. Os dados foram levantados pela consultoria Oikonomia.

Até quarta-feira, a média de vendas diárias foi de 10,399 mil veículos. Durante o mês completo de março, foi vendida uma média de 10,665 mil por dia.

Somente no segmento de carros de passeio e comerciais leves, a consultoria levantou 100,089 mil emplacamentos até 15 de abril, aumento de 7,3% na comparação com o mesmo intervalo de março e recuo de 25,45% frente a abril de 2014.

Para Raphael Galante, consultor da Oikonomia, três fatores ajudam a explicar o desempenho melhor do setor entre março e abril. Nessa lista entram uma demanda reprimida de clientes que aguardava a chegada de novos produtos no mercado. Também pesaram a favor da indústria o investimento maior das montadoras em mídia e o trabalho junto aos braços financeiros para promoção de ofertas de financiamento com juros zero.

Galante explica que, ainda assim, isso não será suficiente para que o desempenho deste mês supere o mesmo período do ano passado. "Só se acontecer um milagre", disse. "Abril será melhor do que março, mas bem inferior ao ano passado".

Para o próximo mês, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem informações de que a Volkswagen pretende parar a produção por dez dias, de 4 a 14 de maio. Ainda não há, no entanto, confirmação da montadora sobre a possível parada.

Durante a divulgação dos dados do setor referente a março, a Anfavea revisou a expectativa de vendas de estabilidade para queda de 13,2% no ano. Apenas no primeiro trimestre, a queda nas vendas de veículos novos foi da ordem de 17%. Os três primeiros meses do ano ficaram abaixo da expectativa da entidade. Março teve o desempenho em vendas mais fraco em sete anos.

Os emplacamentos de ônibus tiveram queda de 3,52% na primeira metade de abril, em comparação com o mesmo período de março. Em relação a abril do ano passado, a queda foi de 25%. Nos primeiros 15 dias do mês, foram vendidos 1,042 mil novos ônibus.

Na primeira metade do mês foram emplacados 2,863 mil caminhões, crescimento de 0,07% em relação a março e queda de 46% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Caminhões foi o segmento mais impactado no período. Nesta semana, a Mercedes-Benz concedeu folga remunerada de dois dias para os trabalhadores da fábrica em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.

GM afirma ter resolvido desafios de carro elétrico

 

Por Robert Wright | Financial Times, de Nova York

A General Motors (GM) "resolveu em grande parte" os desafios técnicos apresentados pelo Bolt, seu inovador carro elétrico que poderá transformar as perspectivas desse tipo de tecnologia. A informação foi divulgada esta semana pelo diretor da área de desenvolvimento de produtos.

No entanto, Mark Reuss disse que o veículo ainda apresenta algumas "questões comerciais" que precisam ser resolvidas, que ele deverá custar US$ 30 mil descontados os incentivos fiscais federais e poderá percorrer 320 quilômetros com uma carga de bateria.

A GM deverá ter uma vantagem inicial considerável sobre seus concorrentes se de fato conseguiu resolver os desafios da produção de um carro elétrico barato com grande autonomia. Um dos veículos de grande autonomia mais populares existentes hoje, o Model S, da Tesla Motors, tem um preço inicial de US$ 67.500 descontados os incentivos fiscais.

Pam Fletcher, engenheiro executivo chefe da divisão de veículos elétricos, reforçou a afirmação de Reuss, dizendo que a companhia está bem encaminhada no desenvolvimento da bateria do veículo.

A GM enfrentou ceticismo quando anunciou o carro conceitual Bolt no Salão do Automóvel de Detroit em janeiro. Duvidava-se que ela conseguiria produzir uma bateria com energia suficiente para um percurso de 320 quilômetros, a um preço razoável.

"Resolvemos grande parte dos problemas técnicos", disse Reuss. Mas ele afirmou que a companhia ainda precisa garantir uma integração satisfatória dos sistemas do veículo. "Sabemos como fazer isso. Estamos caminhando e avaliando", disse ele. Fletcher afirmou que a GM tem a "proposta certa" para a bateria. "Estamos seguindo em frente com essa proposta."

Muitos observadores acreditam que um carro elétrico econômico com autonomia de 320 quilômetros aumentaria substancialmente a demanda pelos veículos elétricos. Apenas 64.772 veículos totalmente elétricos foram vendidos nos EUA em 2014, segundo a National Auto Dealers' Association - menos de 0,4% das vendas totais de 16,4 milhões de automóveis.

Michelle Krebs, analista do AutoTrader.com, um site da internet especializado em informações automobilísticas, diz que qualquer progresso técnico será uma ajuda nas questões do preço e autonomia que os veículos elétricos enfrentam. "São grandes problemas para os veículos elétricos."

No Salão do Automóvel de Nova York, neste mês, Carlos Ghosn, executivo-chefe da Nissan, uma defensora dos veículos elétricos, não quis falar sobre o Bolt e os progressos da Nissan na área. Em vez disso, descreveu o desafio que o setor enfrenta pela falta de infraestrutura de carregamento das baterias, que levará tempo para ser resolvido. "Teremos de ser pacientes", disse.

A Tesla também está planejando lançar um automóvel elétrico para o mercado de massa, o Model 3, que deverá ter autonomia de 320 quilômetros e deverá custar US$ 35 mil. O veículo deverá estar à venda em 2017. A produção do Bolt deve ter início no ano que vem.