Título: Traído pela própria boca
Autor: Rothenburg, Denise; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 05/08/2011, Política, p. 2

Polêmico, Nelson Jobim possui um vasto repertório de gafes, além das que culminaram com sua demissão, ontem. Em 2003, pouco depois de assumir a Vice-Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), confessou, em uma entrevista, ter alterado dois artigos da Constituição, sem que o texto fosse votado pelos constituintes. Um deles se referia a um tema delicado: a independência dos Três Poderes.

Em setembro de 2007, o então ministro entrou em uma saia justa diante de cerca de 200 marinheiros. Demonstrando pouca habilidade com discursos improvisados, afirmou que os baianos não gostavam de trabalhar. "Não trabalhem demais, porque disso baiano não gosta", disse.

Entre os comentários que repercutiram negativamente, está outra declaração, de janeiro de 2010, logo após o terremoto que devastou o Haiti, de que falar em desaparecidos no país era "um eufemismo".

Gafes cometidas reservadamente também vieram à tona, graças às revelações do WikiLeaks. O site publicou uma conversa entre Jobim e autoridades norte-americanas, na qual o ex-ministro teria dito que a política externa brasileira tinha inclinações anti-americanas. Jobim citou o então secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, como alguém que "odeia os Estados Unidos".