Título: Recursos escassos
Autor: Caprioli, Gabriel; Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 05/08/2011, Economia, p. 8
Bruxelas ¿ A Europa não teria, neste momento, recursos suficientes para socorrer a Itália e a Espanha se os dois países forem envolvidos pelo turbilhão da crise que assola o continente. Segundo analistas, as disponibilidades do Fundo Europeu de Estabilização Fiscal (EFSF, na sigla em inglês), principal mecanismo de apoio às nações endividadas, não iriam atualmente além de 440 bilhões de euros, menos da metade dos 800 bilhões de euros necessários para resgatar aquelas duas economias.
Em carta enviada aos demais líderes europeus, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pediu uma "reavaliação rápida" da capacidade financeira do EFSF e admitiu que a crise da dívida vai além dos chamados países periféricos da região. "Peço uma rápida reavaliação de todos os elementos relacionados com o fundo de resgate da Eurozona para garantir que estamos equipados com os meios necessários para enfrentar o risco de contágio", afirma Barroso na carta.
O possível contágio da Itália e da Espanha, respetivamente a terceira e a quarta economias da região, ajudou a insuflar o pânico que tomou conta dos principais mercados financeiros mundiais. "Está claro que não estamos mais diante de uma crise unicamente na periferia da Zona do Euro", completa Barroso, que admite a "falta de êxito" dos governantes europeus no momento de responder aos problemas da dívida dos países membros da união monetária.
Pressão No dia 21 de julho, em uma reunião de urgência, em Bruxelas, os líderes da Eurozona concordaram em aumentar a ajuda à Grécia e aperfeiçoar o fundo de resgate criado para apoiar os países em dificuldades. Mas Barroso reconheceu que os acordos "não provocaram os efeitos esperado" nos mercados, que esta semana aumentaram a pressão sobre os títulos soberanos de Itália e Espanha, os dois países considerados mais ameaçados pela crise após os resgates de Grécia, Portugal e Irlanda.
O presidente da Comissão Europeia considerou que os temores dos mercados são motivados pelas "incertezas globais econômicas", os problemas da dívida nos Estados Unidos e "sobretudo a comunicação indisciplinada e a complexidade dos acordos de 21 de julho, ainda incompletos".