Título: Esperança chinesa
Autor: Caprioli, Gabriel; Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 05/08/2011, Economia, p. 8
Países emergentes como a China são a esperança para que o mundo possa evitar uma nova recessão econômica, disse, ontem, o economista Otaviano Canuto, do Banco Mundial (Bird). A avaliação foi feita em entrevista à Agência Reuters. "Sair da crise passa pelas economias em desenvolvimento. Nesse momento são a esperança maior de evitar um "double dip (recessão em W)", disse Canuto, vice-presidente para Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico do Banco Mundial, sobre a ameaça de uma possível nova crise após o colapso de 2008.
"A China tem um papel essencial, mas não apenas ela. Na verdade o fenômeno de crescimento diferencial em boa parte das economias em desenvolvimento desde 2000 é algo que vai além de China e Índia", afirmou. Para Canuto, existe um certo "conjunto de frentes" de crescimento nas economias em desenvolvimento que seria relativamente independente da conjuntura nos países avançados. "O problema é que o diferencial de crescimento pode se estabilizar em uma combinação de altas ou baixas taxas de crescimento nos dois grupos de países", disse.
Pacto na Itália O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, anunciou ontem, em Roma, que a Itália adotará até o fim de setembro um "pacto" com os atores sociais a fim de reativar a economia e acalmar os mercados. "Estamos empenhados em assinar um pacto global entre o governo e os atores locais antes que termine o mês de setembro", declarou.
Na quarta-feira, ante o Parlamento, Berlusconi propôs um "plano de ação urgente" para estancar a crise. O governo conservador italiano pretende realizar uma reforma fiscal, modernizar as relações sociais e o mercado de trabalho, bem como impulsionar as privatizações. Da mesma forma, prometeu que introduzirá como norma da Constituição a obrigação de manter o equilíbrio fiscal e evitar que a dívida pública afete a economia. O endividamento do governo italiano atinge atualmente 120% do Produto Interno Bruto (PIB).
A proposta do primeiro ministro foi criticada por vários analistas. "Prometer um plano de ação para setembro é deixar a Itália em situação perigosa", disse Giuliano Noci, professor da Escola Politécnica de Milão. Na semana passada, em uma iniciativa incomum, os empresários, junto com os maiores sindicatos do país, propuseram a assinatura de um "pacto para o crescimento" para recuperar a credibilidade do país.