Título: 141 mil com o nome sujo
Autor: Borba, Julia
Fonte: Correio Braziliense, 05/08/2011, Cidades, p. 29

Em junho, foi registrado o segundo maior percentual de consumidores (5,2%) que não conseguiram honrar os compromissos. Em relação à média nacional (8%), a capital federal está em uma situação confortável

O índice de inadimplência no comércio do Distrito Federal, em junho, chegou a 5,2% e alcançou o segundo maior patamar do ano ¿ em abril, o percentual chegou a 5,3%. De acordo com o levantamento divulgado ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), 141 mil consumidores tiveram o nome incluído no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). No mesmo período de 2010, a taxa era zero ponto um percentual inferior à registrada este ano.

O presidente da CDL, Geraldo Araújo, não acredita que os moradores da capital federal estejam em apuros. "Nosso comércio é beneficiado, pois temos uma renda per capita alta e a taxa de emprego também é elevada." Segundo ele, a média nacional de inadimplência está em torno de 8%, o que torna baixo o índice local.

De acordo com Geraldo Araújo, o resultado de junho último se deve à época do ano. "As pessoas fazem dívidas no fim e no início do ano, com férias, presentes e impostos. Nesse período, o 13º ainda ajuda, mas depois as parcelas começam a pesar no orçamento", explica

Reinaldo Domingos, educador financeiro e autor do livro Livre-se das dívidas, acredita que o percentual razoável de inadimplência é de 2%. Na sua avaliação, a posição do DF seria grave. "A situação é crítica, porque essas pessoas não estão só endividadas, elas já não conseguem cumprir com os compromissos. Alguém não está recebendo esse dinheiro", analise o especialista.

Para solucionar os impasses, os consumidores buscam informações nos balcões do SPC. De acordo com a CDL, houve um aumento médio de 20% na procura por atendimento. Essas pessoas estariam interessadas em renegociar ou pagar os débitos. Foi exatamente com esse intuito que o motorista Leucir Vieira, 36 anos, procurou ontem o serviço. "Há mais de um ano eu devo ao banco. Fiz uma construção e não dei conta de pagar. Agora, juntei o dinheiro e vim consultar a situação", conta.

Aposentada e artesã, Pulquéria Vilaça Rumeiro, 59 anos, estava aborrecida por não conseguir tirar o nome do cadastro. Informações do SPC mostram que 52% dos incluídos na lista de devedores são mulheres. "Parte desse resultado se deve ao próprio serviço que eles prestam aqui", acusa. A artesã reclama que, há mais de 10 anos, enfrenta problema com uma conta de telefone. "Até hoje, não conseguir resolver, ainda que já esteja tudo pago", reclama.

Em relação à faixa etária, a maioria dos consumidores inadimplentes tem entre 30 e 39 anos (29,a3%), seguida das pessoas de 40 a 49 anos (27.7%). Os clientes entre 25 e 29 anos ficam na terceira posição, totalizando 15% dos devedores. Para os que estão na faixa de 50 a 64 anos, de 18 a 24 e os maiores de 65, os percentuais são de 14,8%, 13,4% e 4,12%, respectivamente.

DICAS

Como controlar melhor as despesas » Tome nota de todos os pagamentos, de valores altos e baixos. Acompanhe o quanto estas despesas consomem no orçamento mensal. Só assim é possível ter a noção exata de quanto ainda é possível poupar ou gastar.

» Não gaste além da sua capacidade de pagamento.

» Não faça opção pela parcela mínima do cartão de crédito. Os juros são astronômicos. Pense nisso antes de realizar compromissos.

» Se puder, dê preferência para o pagamento à vista.

» Se for preciso parcelar, não prolongue por muitos meses.

» Controle o número de prestações pendentes e veja quanto elas consomem do salário.

» Procure orientar os filhos sobre a educação financeira. Saber administrar o dinheiro desde cedo pode auxiliá-los a não enfrentar situações difíceis no futuro.

» Para evitar surpresas, busque informações sobre as taxas cobradas pelas lojas e pelos cartões.