Título: Conta de luz tem reajuste de 6,74%
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Fonte: Correio Braziliense, 17/08/2011, Cidades, p. 33

Apesar dos constantes apagões, a CEB foi autorizada pela agência reguladora a aumentar a tarifa cobrada. O percentual ficou aquém dos 8,4% reivindicados pela concessionária. Os novos valores entram em vigor a partir do próximo dia 26

Os consumidores do Distrito Federal terão reajuste de até 6,74% sobre o valor final de suas contas de luz a partir do próximo dia 26. O aumento foi autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), apesar dos constantes apagões e das deficiências nos serviços prestados pela Companhia Energética de Brasília (CEB). A diretoria colegiada da autarquia define novos valores para as tarifas da concessionária anualmente, levando em conta fatores como a inflação, encargos e investimentos. Em anos anteriores, a Aneel chegou a determinar que a CEB reduzisse o preço da energia vendida ¿ 2006, 2007 e 2008 são exemplos. Não foi o caso no exercício de 2011.

Apesar de a Aneel ter permitido à CEB fazer ajustes positivos em suas tarifas ¿ mínimo de 5,58% para indústrias e máximo de 6,74% para residências, o que dá uma média de 6,36% ¿ os valores fixados ficaram abaixo do que era pretendido pela concessionária. A empresa enviou planilhas de custo à agência reguladora solicitando autorização para elevar seus preços em 8,4%. Os percentuais que serão aplicados ficaram próximos da inflação acumulada nos últimos 12 meses, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,87%, e abaixo da medida pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), 8,3%.

O IGP-M é o indexador utilizado pela Aneel como uma das variáveis no cálculo do reajuste. A empresa criticou o fato de o patamar autorizado ter ficado abaixo dele. "Não acompanhou nem mesmo a variação do índice", afirmou Reinaldo de Lima Rosa, superintendente de Assuntos Regulatórios. Com base nas tabelas de variações da tarifa desde 2004, a CEB destacou que a alta acumulada no preço da luz ¿ 20% nos últimos sete anos ¿ não acompanhou a variação do IGP-M em igual período, que ficou em 62,41%.

Por meio de nota, a concessionária afirmou que acatará o reajuste determinado pela Aneel e garantiu que, apesar de o índice concedido ter sido inferior ao solicitado, não haverá redução dos investimentos previstos. De acordo com a assessoria de imprensa da concessionária, o valor de R$ 543 milhões a ser gasto nos próximos quatro anos com o Plano de Desenvolvimento da Distribuição (PDD) tem outras fontes. Além disso, a assessoria ressaltou que a elevação da tarifa autorizada ontem pela agência reguladora é referente a desembolsos do ano que se passou.

O Correio Braziliense entrou em contato com a assessoria de comunicação da Aneel, mas, até o fechamento desta edição, nenhum diretor da autarquia estava disponível para falar sobre o índice de reajuste autorizado para a CEB.

Augusmário paga, em média, R$ 25 de luz e critica o reajuste: "Se você pensar que falta energia, isso revolta"

Impacto Para os consumidores do DF, o impacto do reajuste na conta de luz deve ser sentido de setembro em diante, gradativamente. A data de vencimento da fatura não é única para todos os usuários e a nova tarifa será aplicada proporcionalmente aos dias de consumo. "Quem consumiu quatro dias com a tarifa nova, por exemplo, não verá muita diferença", explica Reinaldo de Lima Rosa. Ao todo, são 860 mil clientes da CEB em todo o Distrito Federal.

A balconista Francislene Clementina Rodrigues, 28 anos, acredita que o aumento médio de 5,58% fará diferença significativa na conta da loja onde trabalha. "O custo da energia costuma variar de R$ 170 a R$ 180, dependendo do consumo. Com a nova tarifa, a conta poderá chegar a R$ 200", assusta-se a jovem. Para ela, a fatura do pequeno comércio é salgada. "Só temos um ar-condicionado, um computador e um micro-ondas. Nada que gaste muito", comenta.

Francislene mora em Valparaíso de Goiás, cidade vizinha. Atendida pela concessionária goiana, sua conta mensal não chega a R$ 20. Em sua casa, não paga conta da CEB. Mas é responsável por quitar os boletos dos patrões no Plano Piloto, e, como cuida da loja durante todo o dia, tem o compromisso de não gastar energia em excesso. "Tenho que ser econômica", diz.

Morador de uma quitinete no Sudoeste, o aposentado Augusmário da Silveira, 57 anos, paga uma conta baixa ¿ em média R$ 25 por mês. Ele achou o reajuste alto. "Se você pensar que falta energia, isso revolta", reclamou.