Valor econômico, v. 15, n. 3746, 01/05/2015. Empresas, p. B9

 

"Continuamos otimistas com o Brasil"

 

Por Assis Moreira | De Bruxelas

 

Yves Logghe/APCarlos Brito, CEO da AB InBev: "Focamos naquilo que podemos controlar"

O presidente executivo da Anheuser-Busch InBev, Carlos Brito, afirmou ontem que o investimento do maior grupo cervejeiro do mundo vai continuar forte no Brasil, seu segundo maior mercado globalmente, apesar do cenário difícil atualmente. ''Continuamos otimistas com o Brasil porque reconhecemos que seus fundamentos fazem o país ser um grande mercado para um negócio como o nosso'', disse Brito ao Valor, após assembleia geral do grupo ontem em Bruxelas.

A Ambev, subsidiária da AB InBev, programou investir cerca de R$ 3 bilhões neste ano no país.

Para Brito, não adianta ficar analisando a difícil situação macroeconômica. "Sempre quando a economia vai melhor as pessoas consomem tudo a mais, inclusive cerveja, mas macroeconomia é algo que não podemos controlar'', disse. "Focamos naquilo que podemos controlar e conhecemos: cerveja, água refrigerantes, energéticos''.

Seja qual for o cenário no Brasil, diz ele, dá para continuar expandindo os negócios. Na empresa, existe expectativa de crescimento de vendas ao público com idade legal para consumir cerveja e espaço para expansão no Norte e Nordeste.

Em seu relatório anual, o grupo diz que suas estratégias de pacotes a preços especiais, garrafas retornáveis e inovação permanecem como prioridade comercial no Brasil. ''Continuamos expandindo fábricas ou linhas que estão sendo adicionadas. O investimento no Brasil continua forte'', disse o executivo.

Em 2014, as vendas, em reais, cresceram 11,2% no Brasil. Brito diz que um terço desse aumento deve-se à Copa do Mundo, que impulsionou o consumo de cerveja. Os outros dois terços foram mesmo o mercado doméstico. Certos analistas projetam queda de 2,5% no volume de cerveja vendida no primeiro semestre no Brasil. Avaliam que será difícil para a AmBev a comparação com o segundo trimestre de 2014, quando o consumo vinha no rastro da Copa do Mundo. Os resultados do primeiro trimestre da Inbev e da Ambev serão anunciados na quarta-feira da semana que vem.

Segundo Brito, o segmento de cerveja premium no país está crescendo rapidamente, representando agora 8% do volume de vendas ante 5% há alguns anos. Numa conferência em março, organizada pelo Citibank, a Ambev informou que esta fatia pode chegar a 10% neste ano. A expansão da categoria premium faz parte dos planos para este ano, mas a maior parte da expansão deve vir mesmo de vendas de Brahma, Skol e Antarctica.

A assembléia geral anual reuniu pouco mais de 60 acionistas. O ambiente era tranquilo. Enquanto Brito repetia os resultados de 2014, o presidente do conselho de administração, Kees Storm, saía da sala para atender o celular. O diretor financeiro, Felipe Dutra, bebia uma latinha de cerveja.

Brito reiterou que AB InBev continua interessada em aquisições e está aberta a examinar oportunidades, dependendo do preço.

Um acionista quis saber se o grupo pensa em entrar na África. A resposta foi de que o plano é mesmo focar nas Américas e na Ásia. Brito diz que os negócios na China vão bem. O grupo está ativo também em Laos e Camboja. Na Austrália, vende a mexicana Corona, uma de suas três marcas globais - as outras duas são a americana Budweiser e a belga Stella Artois.

No Vietnã, a nova fábrica começa a operar no próximo mês. A capacidade inicial é de meio milhão de hectolitros, mas pode dobrar. Na Índia, onde vende especialmente Budweiser, o grupo planeja expansão de capacidade.