Petrobrás lucra R$ 5,3 bi no 1º trimestre, mas ainda tem dificuldade de se financiar

Antonio Pita

Fernanda Nunes

 

Após um ano de grave crise institucional e financeira, que culminou no prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, a Petrobrás superou as expectativas do mercado ao apresentar lucro de R$ 5,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado – uma variação negativa de 1% em relação ao mesmo período do ano passado – indica que a companhia ganhou fôlego com a alta no preço dos combustíveis, mas ainda tem sérias fragilidades decorrentes do alto endividamento.

“A companhia não está paralisada e o resultado do trimestre demonstra isso”, disse a diretoria de Exploração e Produção, Solange Guedes, em entrevista coletiva. Sem a participação do presidente da companhia, Aldemir Bendine, coube à executiva e ao diretor financeiro, Ivan Monteiro, indicar que a companhia está em trajetória de retomada, apesar da “restrição de financiabilidade”.

O destaque ficou com a área de Abastecimento, que cuida da venda de combustíveis. O setor saiu do vermelho pela primeira vez desde 2010 e apresentou resultado positivo de R$ 6,181 bilhões. Por causa da crise econômica, o volume de vendas caiu. Mas a estatal vendeu combustíveis a preços mais altos no Brasil do que os valores pagos pela empresa pelo produto importado.

Há cinco anos, Petrobrás acumulava perdas entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões por ter sido forçada pelo governo a vender combustíveis a preços mais baixos do que a média internacional. Agora, a nova equipe econômica do governo indicou que não vai interferir na política de preços da estatal.

Para o segundo trimestre, porém, o cenário é menos favorável para o abastecimento. O diretor responsável pela área na Petrobrás, Jorge Celestino, já prevê uma queda no volume de importação da gasolina por causa da concorrência do etanol.

A empresa apresentou ainda geração de caixa de R$ 21,5 bilhões, a maior da história da estatal para um trimestre. “A companhia praticará preços competitivos e de mercado”, afirmou Monteiro, indicando que a petroleira privilegiará a recuperação de seus indicadores financeiros.

A estatal também indicou que vai aguardar o desfecho na Justiça das investigações da Operação Lava Jato, que poderá resultar em mais perdas em seu balanço. “Se surgirem novas informações comprovadas, elas serão incorporadas”, afirmou o diretor.

“Os investidores devem ficar animados com os resultados no futuro. Finalmente, os preços (de combustíveis) estão alinhados, até um pouco maiores. Isso vai permitir que as perdas sejam recuperadas ao longo dos trimestres”, afirmou o analista independente Flávio Conde, do blog WhatsCall.