Título: Protesto vai parar área central
Autor: Pompeu, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 16/08/2011, Cidades, p. 29

A Marcha das Margaridas, que será realizada amanhã do Parque da Cidade até o Congresso Nacional, reunirá 70 mil trabalhadoras rurais de todo o país » Brasília vai receber a visita de 70 mil margaridas hoje e amanhã. As flores em questão não são as amarelas a que estamos acostumados. O Distrito Federal será palco a 4ª Marcha das Margaridas, uma mobilização de trabalhadoras do campo que reivindicam políticas públicas para as áreas rurais. Para acomodar essas militantes, vindas de todo o país, é necessária uma grande logística. Uma estrutura foi montada nos estacionamentos 1, 2 e 3 do Parque da Cidade Sara Kubitshek para alojar aquelas que chegaram ontem à noite e as que desembarcam na manhã de hoje. O trânsito também vai sofrer alterações a fim de conciliar a manifestação e a rotina dos brasilienses.

Para essas mulheres chegarem à cidade, serão utilizados 1,6 mil ônibus. Os coletivos vão ser distribuídos entre o Shopping Popular, próximo à antiga Rodoferroviária, o estacionamento do Ginásio Nilson Nelson, o estacionamento do Teatro Nacional e o Eixo Monumental. Os carros começaram a chegar às 20h de ontem e já desembarcaram no Parque da Cidade.

O brasiliense terá de ficar atento às mudanças no trânsito nos dois dias de atividades da Marcha das Margaridas. Nenhuma entrada do Parque da Cidade será interditada. Entretanto, só a via no sentido horário estará liberada, de hoje até as 15h de amanhã.

A marcha propriamente dita ocorrerá amanhã, quando a saída das manifestantes do Parque está prevista para as 5h50. Três faixas do Eixo Monumental serão fechadas para a passagem das mulheres até o Congresso Nacional (veja arte).

De acordo com o subsecretário de Operações da Secretaria de Segurança Pública, Jooziel Freire, as manifestantes vão descer pela N1 para diminuir em pelo menos dois terços o transtorno causado. "Nós calculamos que 4,5 mil veículos passem pela S1 por hora, entre as 6h e as 8h30. Já pela N1 o fluxo é de 1,4 mil nesse horário", explica. "Nenhuma cidade está preparada para receber uma marcha de 70 mil mulheres no seu projeto urbanístico. Mas estamos fazendo tudo que é possível para causar o menor transtorno para a população. Ainda assim, eu acredito que as pessoas que estiverem passando vão participar e apoiar o movimento", afirma.

A coordenadora nacional da Marcha das Margaridas, Carmen Faro, explica que o evento será sustentável. Segundo ela, foi feito um acordo com mulheres catadoras do Entorno para que o lixo tenha um destino adequado e providências foram tomadas a fim de que a construção da Cidade das Margaridas não afete a vegetação local. "A cidade a nos receber é a capital do Brasil. Sentimos que vamos usar um espaço que também é nosso. Mas a gente quer ter um diálogo muito bom com os moradores da cidade. Não queremos trazer nenhum prejuízo aos visitantes do parque", garante Carmen Faro.

O Parque da Cidade tem 4, 2 milhões de metros quadrados. De acordo com o administrador do parque, Paulo Dubois, muitos espaços vão ser usados pela marcha. "Vai exigir do nosso funcionário uma compreensão a mais. É a primeira vez que o parque recebe esse contingente", afirma. O pavilhão e os arredores vão abrigar a mostra das Margaridas, uma exposição fotográfica, um auditório, uma praça de alimentação, um palco, um ambulatório, entre outras estruturas.

No que diz respeito à segurança pública, a estimativa é de que estejam envolvidos 1,2 mil profissionais, entre policiais civis e militares, bombeiros. Deste número, 800 são mulheres. Agentes do Detran-DF também vão trabalhar pela tranquilidade da marcha. O policiamento vai ser feito dentro do parque e no trajeto das mulheres. Duas equipes de saúde vão ficar de plantão na área da Cidade das Margaridas com dois médicos, dois enfermeiros e dois auxiliares. Uma ambulância também estará disponível.

Cidadania plena O lema desta edição é Desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Coordenada pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, a maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do Brasil tem esse nome como uma forma de homenagear a líder sindical Margarida Maria Alves, brutalmente assassinada por usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.