Título: Ação para acalmar a base
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Álvares,Débora
Fonte: Correio Braziliense, 16/08/2011, Política, p. 6

Com a intenção de retomar as votações paralisadas na Câmara e no Senado, Dilma se reúne com aliados do PT e do PMDB, que pressionam ministra de Relações Institucionais pela liberação de emendas do Orçamento

A presidente Dilma Rousseff reuniu ontem à noite a cúpula do PMDB e do PT no Palácio do Planalto para tentar acabar com a crise política que envolve os dois partidos e ameaça paralisar o seu governo. O encontro entre petistas e peemedebistas começou no gabinete da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e prosseguiu no gabinete presidencial por aproximadamente duas horas. Tanto o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmaram que a presidente inaugurou ontem uma nova prática na relação com o Congresso. "A presidente Dilma vai chamar todos os partidos da base para a discussão política", assegurou Vaccarezza.

Jucá disse que o convite para o PR vai depender do pronunciamento que o senador Alfredo Nascimento (AM) fará hoje na tribuna do Senado ¿ setores da legenda defendem um rompimento com a base. "É importante para nós que o partido continue na base", avaliou Jucá. Os dois líderes disseram ser natural que a rodada de conversas tenha se iniciado pelos dois maiores partidos da base e que sempre será buscada a harmonia entre os dois partidos. "Essas reuniões são uma necessidade que o governo está vendo e a presidente está puxando a responsabilidade para ela. Isso cria um vínculo maior dos partidos com o governo", acredita Jucá.

Dilma assegurou aos líderes que o governo prosseguirá com as investigações de corrupção nas pastas. Reafirmou a confiança no PMDB e disse que "se o governo tiver sucesso, o sucesso será de todos". Durante o encontro, contudo, não foi discutida a liberação das emendas parlamentares. "Não tem sentido reunir a presidente e o vice-presidente para fazer essa discussão, é uma ação importante para ter com a ministra Ideli no âmbito do Congresso", explicou Vaccarezza.

Eles tocaram no assunto com a ministra e mostraram que as emendas parlamentares são boas para o desempenho do país. Vaccarezza acrescentou que a sinalização da liberação de R$ 1 bilhão já vinha desde a semana passada e que a discussão atual é de como serão aplicados esses recursos. "Temos que ter uma proposta. A emenda não é do deputado, para o deputado, é para 5.500 municípios brasileiros, que são emendas de valores pequenos, mas que atendem grandes carências", disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, logo depois da posse do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Cronograma O encontro no Palácio do Planalto se deu na presença do vice-presidente da República, Michel Temer; da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti; e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP); e do presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp.

Ideli pretende apresentar hoje para os líderes o cronograma de empenho da emendas e de quitação dos chamados restos a pagar de 2009. O Planalto concorda em empenhar 70% das emendas de 2011, o que corresponde a R$ 5 bilhões. Mas esses recursos, segundo um assessor técnico, só sairá a conta-gotas. Até o dia 31, será liberado o valor já prometido de R$ 1 bilhão. Até o final do ano, os outros R$ 4 bilhões.