Título: Base aliada em crise por cargos
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 16/08/2011, Política, p. 4

A pressão em torno da presidente Dilma Rousseff começou depois dos sucessivos escândalos envolvendo integrantes do Ministério dos Transportes, há quase dois meses. O então titular da pasta, Alfredo Nascimento, deixou o cargo e voltou para o Senado. Em seguida, Dilma fez demissões em massa na pasta e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), áreas que foram loteadas para o PR. Isso desagradou o partido aliado, que ainda ameaça sair da base.

Em seguida, Dilma passou a ser pressionada por outros parlamentares alinhados ao Palácio do Planalto, como o PMDB, após a realização da Operação Voucher, desencadeada na semana passada pela Polícia Federal. A ação prendeu 36 pessoas, entre elas parte da cúpula do ministério e um ex-deputado peemedebista. Até mesmo o vice-presidente da República, Michel Temer, que é do PMDB, fez duras críticas à atuação da PF, principalmente depois que os presos foram fotografados com algemas quando seriam embarcados para Macapá, onde a investigação foi iniciada.

Ontem, no Senado, ainda havia dúvidas sobre a permanência do PR na base aliada. O partido, que é liderado por Nascimento, ainda não anunciou sua decisão. "Espero que o PR continue entre os aliados", afirmou o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele ressaltou que, caso o Partido Republicano deixe a base, poderá retornar quando quiser. "A política é muito dinâmica e o PR pode voltar", ponderou.

Poucos senadores ligados à base governista se manifestaram ontem sobre a atuação da Polícia Federal. Os que opinaram afirmaram que pode ter havido excessos durante as prisões, mas alertaram que não deve haver mudança de foco sobre o caso, que é o de investigar a existência de corrupção no Ministério do Turismo. (EL)