Ministro fez lobby na Eletrobras, afirma revista

 

O ministro-chefe da Secretaria da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), é acusado de ter feito lobby para beneficiar uma empresa multinacional que possui negócios com ele.

Uma empresa de Padilha e a EDP Renováveis são parceiras num empreendimento de geração de energia eólica no Rio Grande do Sul. Segundo a revista “Época”, Padilha receberia R$ 30 milhões ao longo da vigência do contrato, ou R$ 1,6 milhão ao ano.

A revista diz que o ministro ainda tentou influenciar outros negócios da EDP, citando um encontro recente dele com o diretor de geração da Eletrobras, Valter Cardeal.

O encontro ocorreu em 19 de março e durou cerca de dez minutos. A EDP teria interesse em ampliar a geração e a venda de energia de um parque eólico no Rio Grande do Sul, o Cidreira I, para a estatal. No início dos anos 2000, quando era deputado federal pelo PMDB, Padilha arrendou suas terras para o parque. Gaúcho, ele é dono de grandes áreas na região de Tramandaí e Cidreira, no litoral norte do Rio Grande do Sul.

Na época, o país vivia ainda os efeitos de um racionamento de energia, e o empreendimento foi beneficiado com recursos do Proinfa, um programa de estímulo à geração. Padilha firmou contrato com uma empresa que depois foi comprada, em 2009, pela EDP. A produção de energia do parque foi vendida à Eletrobras. Dois anos depois, a EDP obteve um financiamento de R$ 227 milhões do BNDES.

Segundo a “Época”, o Proinfa garantiu ao empreendimento preços mais de três vezes maiores que o valor negociado em leilões de energia. A manutenção no Proinfa ampliou os ganhos de Padilha. A estimativa é que, com o arrendamento das terras para a EDP no valor de R$ 250 mil fixos por ano mais 1,8% de toda a energia vendida à Eletrobras, o ministro receba cerca de R$ 1,6 milhão por ano. O prazo de concessão termina em 2032, podendo ser renovado.

 

Padilha disse ao GLOBO que o arrendamento foi feito entre 2003 e 2004. Ele negou o lobby e disse que apenas fez um contrato por meio da Gaivota Participações (da qual é o maior cotista) com outras duas empresas. Ele disse que, por contrato, os valores são confidenciais.

— Não fiz lobby, até porque não posso fazer lobby sobre algo que não existe. A empresa já disse que não tem nenhum interesse em ampliar o empreendimento. Quanto a Cardeal, ele é gaúcho e foi me cumprimentar (pelo novo cargo) — disse Padilha.