Dilma e Obama aparam arestas

 

Embora não tenha recebido um pedido formal de desculpa do presidente americano, Barack Obama, por ter sido espionada, a presidente Dilma Rousseff ficou satisfeita com o gesto de entendimento do colega americano, que disse que se quiser saber qualquer coisa relativa à brasileira, ligará pessoalmente para ela. Além disso, Obama já tinha se comprometido que seu governo não espionará mais o Brasil. O compromisso foi feito na reunião privada que os dois tiveram na VII Cúpula das Américas, ontem

— O governo americano não disse só para o Brasil, mas disse para todos os países do mundo que os países amigos, os países irmãos, não seriam espionados. E também uma declaração do presidente Obama, ele falou pra mim que quando ele quiser saber qualquer coisa, ele liga pra mim. (Eu) não só atendo, como fico muito feliz — disse Dilma em entrevista coletiva.

CRÍTICAS A SANÇÕES À VENEZUELA

A descoberta de que a NSA (Agência de Segurança Nacional) espionava Dilma e empresas brasileiras aconteceu em agosto de 2013, abalando fortemente as relações entre Brasil e Estados Unidos. O encontro de ontem foi o primeiro passo de retomada das conversas bilaterais. O próximo, será a vista de trabalho que Dilma fará a Washington no dia 30 de junho, também acertada ontem entre os dois. A presidente explicou que a opção por uma visita de trabalho foi feita para não atrapalhar as eleições presidenciais americanas, no ano que vem. Uma visita de Estado de Dilma, mais pomposa e cheia de rituais, estava marcada para outubro de 2013 e foi cancelada. Este ano os Estados Unidos não têm condições de receber Dilma seguindo o protocolo de uma visita de Estado.

— O Brasil é não apenas um dos países mais importante do hemisfério, mas um líder muito importante. Espero com muita satisfação por esse encontro onde vamos discutir temas como mudança climática, energia, educação, ciência e tecnologia — disse Obama ao confirmar o encontro.

Depois de estar com Obama, Dilma estava bem humorada e brincou com jornalistas. Quando perguntada se o americano havia elogiado a nova silhueta da presidente, que perdeu mais de dez quilos desde o ano passado, ela respondeu:

— Ele não elogiou, não. Mas eu gostaria que ele tivesse elogiado.

Mais cedo, em seu discurso na sessão plenária da cúpula, a presidente celebrou a iniciativa de Obama, de retomar as relações com Cuba. E cobrou que o próximo passo seja o fim do embargo, segundo ela “um dos últimos vestígios da Guerra Fria”. Por outro lado, ela condenou a sanção dos Estados Unidos à Venezuela. Segundo Dilma, o bom momento das relações entre os países americanos não admite medidas unilaterais, a seu ver, contraproducentes e ineficazes.

— Os dois presidentes (Obama e Raúl Castro) deram uma primeira prova do quanto se pode avançar quando aceitamos os ensinamentos da História, deixando de lado preconceitos e nocivos antagonismos, que tanto afetaram nossas sociedades. Estamos seguros que outros passos serão dados, como o fim do anacrônico embargo que vitima o povo cubano. Aí, sim, continuaremos construindo as linhas que pautarão nosso futuro e estaremos sendo contemporâneos de nosso presente — discursou, para mais tarde complementar sobre a Venezuela: — O bom momento das relações hemisféricas já não admite medidas unilaterais, medidas de isolamento, em geral e sempre contraproducentes e ineficazes. Por isso rechaçamos a adoção de sanções contra a Venezuela. O atual quadro nesse país irmão pede moderação, pede aproximação de posições de todas as partes.

A jornalistas, no fim do dia, Dilma disse que a Venezuela não é uma ameaça à segurança dos EUA, mas disse acreditar que Maduro e Obama têm condições de traçar um caminho para “voltar aos bons tempos”. Ela disse que não conversou com o americano sobre Maduro.

A presidente, que extrapolou em três minutos o tempo destinado a seu discurso, também elogiou o esforço do presidente colombiano Juan Manuel Santos de tentar uma paz negociada com as Forcas Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc). Dilma também defendeu que em todo o continente os direitos dos migrantes sejam respeitados e que “sigamos no sentido oposto da xenofobia e da intolerância”.