Título: DF pode ganhar setor habitacional
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Fonte: Correio Braziliense, 15/08/2011, Cidades, p. 18

A campanha em solo chinês para Brasília sediar a Universíade ¿ campeonato mundial entre atletas estudantes ¿ foi apenas uma etapa de um processo que começou com a candidatura da capital brasileira e pode render frutos para além dos jogos universitários de 2017, quando se espera que a competição ocorra no Distrito Federal. Um dos legados que a Universíade deixará para Brasília, caso a capital seja eleita sede do campeonato, é a criação de uma área habitacional. A cidade indicada para hospedar o evento em 2017 terá de construir uma vila especialmente para alojar os atletas de mais de 150 países que participam do campeonato.

No DF, o endereço dos competidores já foi definido pelo governo. Será em um terreno do Jóquei Clube de Brasília, entre Guará e Vicente Pires. Ali, o GDF vai erguer prédios com capacidades de 2,5 mil apartamentos por meio de parcerias público-privadas (PPPs). Levando em conta que cada prédio tenha 100 unidades, seriam necessárias 25 projeções. Após a realização dos jogos, o lugar será utilizado pelo programa habitacional do governo Morar Bem, que facilita a compra da casa própria para pessoas de baixa renda por meio de financiamento a juros acessíveis.

A vila é uma das instalações fundamentais do evento mundial, que reuniu na China este ano mais de 10 mil atletas. Estádio, ginásios e arenas são outros equipamentos necessários para a realização dos jogos e cujo padrão é avaliado pelo comitê executivo da Federação Internacional do Esporte Universitário (Fisu). Uma vez escolhida como anfitriã da Universíade, Brasília terá de cumprir exigências para o torneio fazendo ajustes em construções já existentes e novas empreitadas para deixar a cidade dentro dos padrões exigidos pela Fisu.

Aproveitamento É nesse ponto que o governador Agnelo Queiroz (PT), que retorna hoje a Brasília, tem agido com cautela. Líder da campanha para trazer o campeonato universitário à capital do país, o petista quer tomar precauções para colher os méritos da conquista de organizar um evento com porte parecido ao de uma Olimpíada, sem no entanto dar margem para mais tarde ser criticado por concentrar esforços e investimentos em projetos perenes.

Nesse caso, o padrão asiático pode ajudar a otimizar a organização da Universíade no DF. Na China, a comitiva brasileira que passou a última semana em campanha por Brasília observou que na cidade de Shenzhen foram construídos estádios multiuso, que durante os jogos poderão tanto servirem de arena para lutas, como quadras de basquete ou de vôlei. A pista de atletismo também é reversível, com a possibilidade de se transformar em um campo de futebol. Além de diminuir a quantidade de estádios para atender ao evento, os ginásios e estádios esportivos da Universíade foram desenvolvidos para serem usados como centro de convenções e shows.

"Vamos explorar toda a potencialidade dos espaços que já temos. E, no caso daqueles que tiverem de ser construídos, o projeto levará em conta a necessidade não só do evento, mas como os podem ser aproveitados em sua potencialidade", afirmou o governador Agnelo Queiroz, que embarcou de volta da China ontem e deve chegar a Brasília ainda hoje. Em novembro, será divulgada oficialmente em Bruxelas a cidade que vai hospedar os jogos universitários no verão de 2017.

(Lilian Tahan, enviada especial a Hong Kong)

China Em Shenzhen, na China, a Vila dos Atletas será doada para a universidade e se tornará uma espécie de república para acolher os estudantes chineses.