O globo, n. 29838, 17/04/2015. Economia, p. 20

FMI manifesta respaldo ao ajuste fiscal brasileiro

Flávia Barbosa

Levy: apoio ‘é importante’ para país voltar a crescer

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aproveita a semana de divulgação de relatórios e reuniões dos 188 paísessócios para dar respaldo à equipe econômica brasileira. O órgão multilateral reconheceu os indicadores de forte desaceleração do crescimento, rombo nas contas públicas, alta do endividamento e fragilidade externa. Mas a diretoragerente do FMI, Christine Lagarde, o economista-chefe, Olivier Blanchard, e o diretor do departamento de Assuntos Monetários e Mercado de Capitais, José Viñals, optaram por uma mensagem otimista sobre o país. Eles elogiaram o ajuste fiscal comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e afirmaram que o plano é suficiente para o Brasil resgatar a confiança e voltar a crescer.

O FMI está ainda tendo cuidado extremo para falar da investigação na Petrobras e dribla qualquer pergunta que explore os riscos da crise política para a  ecuperação da economia. Em sua estreia na Reunião de Primavera do FMI e do Banco Mundial, Levy reconheceu ontem o endosso do Fundo, após encontrar-se pela primeira vez com Lagarde. O apoio é importante, disse ele, para que o plano de ajuste fiscal seja concluído de forma satisfatória e o país possa retomar o crescimento:

— O FMI tem apoiado o Brasil em inúmeras ocasiões. Eu acho que é importante, é mais um apoio a tudo que tem sido feito, inclusive a ação, as discussões que têm ocorrido no Congresso e que são fundamentais para a gente concluir esse ajuste e entrar na rota do crescimento.

BANCO DO BRICS: 1º DE JANEIRO

Mais cedo, Lagarde disse que o Brasil “é provavelmente o (país) que mais sofreu nos últimos meses em termos de crescimento e receita”. Mas ela salientou que, para restaurar a credibilidade, a equipe econômica brasileira adotou uma “política fiscal séria”.

Lagarde fez questão de diferenciar o Brasil da Rússia. Se a economia russa, com recessão de 3,8%, “realmente não está indo bem”, a projeção de retração rasileira de 1% foi classificada por ela de “ligeiramente negativa”.

— O que vemos como resultado (da política fiscal séria) em nossas projeções é um crescimento negativo este ano e positivo no próximo e nos anos seguintes — afirmou Lagarde.

Levy e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, também buscam o respaldo dos investidores internacionais, em reuniões em Washington e Nova York até a próxima terçafeira. Tombini se concentrará no mercado financeiro, e Levy se dividirá entre encontros bilaterais e com investidores.

Os dois participaram ontem do encontro do Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O bloco fechou os detalhes finais da estrutura do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), cujas operações devem começar em 1 º de janeiro, informou uma fonte ao GLOBO.

Foi fechado ainda o arcabouço do Arranjo de Contingência de Reserva (CRA), fundo de US$ 100 bilhões formado para socorrer os sócios em uma crise.