Título: Genoino seguirá na pasta
Autor: Rizzo, Alana; Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2011, Política, p. 2

Expectativa é que braço direito de ex-ministro fique no cargo após a mudança de comando

Nomeado assessor especial do Ministério da Defesa no início do ano, o ex-deputado José Genoino (PT-SP) deve ser mantido no cargo após a posse do novo ministro, Celso Amorim. Além da amizade pessoal e da afinidade político-partidária ¿ Amorim filiou-se ao PT no ano passado e chegou a cogitar a candidatura a algum cargo eletivo pelo Rio ¿, a presença do ex-parlamentar auxilia Amorim na relação que promete ser tensa e difícil com os militares, especialmente neste primeiro momento.

Ontem, o ex-ministro Nelson Jobim e José Genoino conversaram por várias horas. Segundo apurou o Correio, o encontro serviu para que Genoino sistematizasse tudo o que tem que ser passado a Amorim, como o Orçamento da pasta, que Jobim discutiu com Dilma na quarta-feira, antes de vir a público a reportagem da revista Piauí. Hoje, Genoino deve se encontrar com Amorim.

O assessor especial não quis dar a certeza se permanecerá no cargo: ¿Fui assessor especial de Jobim e o meu futuro será definido pelo novo ministro¿. Ao Correio, Genoino afirmou que o seu encontro com o ministro exonerado foi motivado por uma relação pessoal de longa data. ¿Eu liguei para ele e disse que queria conversar antes de viajar a São Paulo.¿ O petista foi, então, ao apartamento de Jobim na Asa Sul e, quando preparava-se para ir ao ministério, o ex-ministro o convidou para um almoço no escritório de advocacia de um amigo comum, no Lago Sul. ¿Comemos um belo bacalhau e conversamos amenidades. Jobim está bem tranquilo¿, assegurou Genoino.

À vontade O ex-deputado sente-se à vontade na pasta. De ex-prisioneiro da Guerrilha do Araguaia a assessor especial do ministério, Genoino percorreu um longo caminho para se aproximar dos militares. Ainda durante os tempos de parlamentar, começou a interessar-se pelas Forças Armadas, tornando-se um dos deputados petistas mais próximos da caserna. Tanto que, em 2003, teve seu nome cotado para assumir o ministério. Naquela oportunidade, contudo, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por nomear o embaixador José Viegas. Lula achava que Genoino seria mais útil na Presidência do PT em um momento no qual o partido acostumava-se com a chegada ao governo.

Apesar de não se esquecer das sessões de tortura e das surras que levou na prisão, Genoino parece não carregar qualquer tipo de ressentimento e circula com desenvoltura entre os militares. Em viagem ao Pelotão de Fronteira Ipiranga, no meio da Floresta Amazônica, na quinta-feira, por exemplo, ele chamava oficiais pelo nome, ignorando qualquer patente.

Ainda na região da fronteira entre Brasil e Colômbia, José Genoino fez questão de cumprimentar os combatentes mais novos com o grito de guerra: ¿Selva!¿, sem se incomodar com as mãos sujas da tinta usada pelos soldados como camuflagem. Antes de entrar na aeronave para retornar à Base Aérea de Tabatinga (AM), ajudou uma repórter grávida a carregar uma mala rosa. ¿Quem se garante não tem vergonha¿, gritou, arrancando gargalhadas de oficiais brasileiros e colombianos.

Guerra reforça convite a Jobim O presidente do PSDB e deputado federal, Sérgio Guerra (PE), reforçou ontem que as portas da legenda estão abertas ao ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim ¿ filiado ao PMDB. Segundo Guerra, Jobim não precisa sequer de convite, pois ¿o partido é dele¿. O parlamentar lembrou que o peemedista tem grandes amigos no PSDB, como o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador de São Paulo José Serra. Guerra esteve ontem em João Pessoa para participar do aniversário do senador Cícero Lucena (PSDB-PB). Na quinta-feira, o tucano disse que ¿a ficha (de filiação de Jobim ao PSDB) sempre foi dele. Ele assina a hora que quiser e será homenageado pelo partido¿.