Morre filho de Alckmin

por Thiago Herdy, Tatiana Farah, Mariana Sanches, Julianna Granjeia e Renato Onofre

 

O filho do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), Thomaz Alckmin, de 31 anos, morreu no final da tarde desta última quinta-feira em decorrência da queda do helicóptero onde estava, em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo. Na aeronave também estavam o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves, de 53 anos, e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, de 42, Erick Martinho, de 36, e Leandro Souza, de 34. Todos eles morreram.
 

Às 23h15 da quinta-feira, o Palácio dos Bandeirantes divulgou uma nota com a confirmação da morte do filho caçula do governador: “O governo de São Paulo informa com imenso pesar que Thomaz Rodrigues Alckmin, o caçula dos três filhos do governador Geraldo Alckmin e de dona Lu Alckmin, é uma das cinco vítimas da queda do helicóptero EC 155 ocorrida na Grande São Paulo na tarde desta quinta-feira. Thomaz tinha 31 anos e era piloto profissional de aeronave. Ele deixa esposa, Taís, duas filhas, Isabela e Júlia, e os irmãos Sophia e Geraldo Alckmin Neto. Sob o impacto dessa tragédia, a família Alckmin, inconsolável, agradece as manifestações de pesar e carinho e busca conforto na fé que sempre a alimentou. Seus pensamentos e preces se estendem às famílias das outras vítimas”, informou o texto.

O helicóptero em que ele estava decolou para um voo de teste às 17h02 do hangar da empresa Helipark, especializada em manutenção aeronáutica, e caiu por volta de 17h20 sobre o telhado de uma casa em construção, localizada a cerca de 10 quilômetros do ponto de decolagem. Thomaz era piloto profissional, mas por enquanto não se sabe se era ele quem estava no comando da aeronave. O acidente ocorreu em uma área residencial na região central de Barueri, próximo à Rodovia Castello Branco.

Helicóptero cai sobre residência em São Paulo - TV Globo / Reprodução

Até o meio da tarde do dia 2, o Corpo de Bombeiros havia informado que quatro pessoas que estavam a bordo da aeronave tinham morrido no acidente. Mas, no início da noite, informou que havia uma quinta vítima, sem detalhar se ela estava na aeronave ou em solo.

O helicóptero pertencia à empresa Seripatri Participações, empresa de investimentos de José Seripieri Filho, fundador e principal acionista da Qualicorp, que administra planos de saúde coletivos. O empresário, não estava no voo. Trata-se de um modelo EC 155 B1, fabricado pela Eurocopter France, prefixo PPLLS, segundo registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

 

Thomaz Alckmin era piloto profissional - Instagram / Tais Fantato

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recebeu a notícia sobre a morte do filho quando cumpria agenda oficial de governo na região de Catanduva, a aproximadamente 400 quilômetros da capital paulista. Durante a manhã, a mulher do governador e mãe de Thomaz, Lu Alckmin, havia participado de visita a uma turma de qualificação profissional do Fundo Social de Solidariedade do Estado. À tarde, ela viajou a Campos do Jordão para passar o feriado de Páscoa, mas acabou retornando para São Paulo para receber do marido a notícia sobre o acidente.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Seripatri informou que um piloto da empresa, com “mais de 30 anos de experiência”, também estava na aeronave e morreu. Segundo a nota, foram vítimas, ainda, um mecânico da Seripatri e outros dois mecânicos do hangar Helipark. Os nomes dos outros mortos não tinham sido divulgados até 22h de quinta-feira. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML), na Zona Oeste de São Paulo, para posterior liberação para o funeral. O governador já esteve no local onde os corpos estão sendo reconhecidos. Ali encontrou-se com o senador José Serra (PSDB).

De acordo com a empresa Seripatri Participações, o helicóptero tinha quatro anos de uso e aproximadamente 600 horas de voo. A aeronave teria passado por manutenção preventiva horas antes do acidente, de acordo com nota oficial da empresa proprietária. Viaturas do Corpo de Bombeiros passariam a noite isolando o local do acidente, para preservar as investigações sobre o ocorrido.

“Neste momento de luto e enorme tristeza para todos, a Seripatri está prestando toda a assistência necessária aos familiares das vítimas, bem como já destacou profissionais para acompanhar junto às autoridades as investigações das causas do acidente”, informou a Seripatri, na nota.

Pelo menos oito carros de Bombeiros e Polícia Militar foram deslocadas para o local do acidente, bem como uma equipe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável pela apuração das causas do ocorrido.

VELÓRIO NO ALBERT EINSTEIN

O corpo de Thomaz Rodrigues foi levado para o hospital israelita Albert Einstein, no Morumbi, na capital paulista, por volta das 3h. Às 4h30m, começou o velório que é aberto somente para parentes e amigos da família. A cerimônia está prevista para terminar às 14h, quando o corpo será levado para Pindamonhangaba, cidade-natal de Thomaz, e enterrado no cemitério municipal. 

 

Depois de escapar de tiros, a tragédia

 

SÃO PAULO - O piloto de helicóptero Thomaz Rodrigues Alckmin, filho caçula de três filhos do Governador Geraldo Alckmin e da primeira-dama Dona Lu, completaria 32 anos no próximo dia 06 de abril. Ele morreu nesta quinta-feira em acidente de helicóptero.

Thomaz, irmão de Geraldo e Sophia, era casado e tinha duas filhas, uma de 10 anos e um bebê de apenas um mês. Ele foi o primeiro dentre os três filhos de Alckmin a dar-lhe um neto. Fabíola Trombelle, mulher de Thomaz, ficou grávida em 2003, quandoambos ainda namoravam e Thomaz tinha apenas 20 anos.

Thomaz esteve no noticiário policial em duas ocasiões, por ter sofrido duas tentativas de assalto. Na primeira vez, em 2002, dois policiais militares que faziam a segurança dele foram baleados em frente ao prédio onde morava a namorada de Thomaz, na Vila Mariana, zona sul da cidade. Um dos policiais que fazia a proteção do filho de Alckmin, Diógenes Barbosa Paiva, de 38 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu.

A segunda ocasião foi no dia 2 fevereiro do ano passado. Thomaz dirigia o carro da mulher, que não era blindado, e estava acompanhado da filha Isabela, então com 9 anos. Próximo ao Clube Paineiras, na zona sul da capital, um carro com quatro homens fechou o veículo de Thomaz. Os seguranças do filho do governador vinham em um outro carro logo atrás. Quando os quatro seguranças viram a ação, desceram e deram voz de prisão aos acusados. Os suspeitos atiraram contra os seguranças, que revidaram.

Thomaz Alckmin ao lado da primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin - Folhapress / Alessandro Shinoda

Os bandidos fugiram e os seguranças retiraram Thomaz e a filha do local no carro da escolta. Eles nada sofreram.

— Dentre as hipóeteses, não descartamos um sequestro, um assalto ou mesmo um atentando — disse à época o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella.

Thomaz não era afeito aos protocolos de segurança impostos pela equipe de policiais do Palácio dos Bandeirantes. Em 2004, ele teria driblado os guarda-costas e saído sozinho de motocicleta para dar uma volta pela cidade à noite. O veículo teria sido roubado na altura do Parque Villa-Lobos, zona oeste da capital, depois que Thomas foi abordado por dois assaltantes.