Título: Autoridades pedem calma
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2011, Economia, p. 14

Olli Rehn, comissário econômico da União Europeia, garante que Itália e Espanha não precisam de socorro financeiro

Bruxelas ¿ Em uma tentativa desesperada de acalmar os ânimos dos investidores, o comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos, o finlandês Olli Rehn, interrompeu as férias e pediu "paciência" e "bom senso" aos mercados. Ele assegurou que o socorro aos países em crise, em especial à Grécia, e a reformulação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), serão feitos "em semanas" e não nos próximos meses, como havia sido prometido anteriormente. O economista assegurou que as instituições europeias trabalham "dia e noite" e que o arcabouço para evitar um contágio maior das economias da Itália e da Espanha deve estar pronto no "início de setembro". Juntos, os dois países representam 30% da economia da Zona do Euro.

Para entrarem em vigor, as novas medidas precisam ser ratificadas pelos 17 países que fazem parte da união monetária, lembrou. Quando o pacote estiver pronto, o novo socorro à Grécia, no valor de 109 bilhões de euros, poderá sair do papel. Além disso, os juros dos empréstimos concedidos à Irlanda e a Portugal diminuirão. O FEEF foi formalmente autorizado a comprar títulos dos países, reforçando o caixa dos Tesouros e evitando que eles sofram a seca de financiamentos pelo mercado. Assim, a instituição acabará se aproximando de um Fundo Monetário Europeu, que deve ser criado futuramente.

Rehn deu características globais à nova onda da crise, que exigiria uma ação comum. "As turbulências atuais não afetam apenas a Europa. Elas têm uma dimensão global com repercussões globais. Uma coordenação política internacional através do G-7 e do G-20 é de importância crítica", disse Rehn em referência aos grupos que reúnem as sete economias mais industrializadas e as 20 maiores do mundo. O adicional de risco dos títulos italianos e europeus, tendo como base os alemães, bateram recorde ontem. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma nova operação para garantir a compra de dívida dos países mais frágeis, mas se limitou, ontem, a adquirir papéis irlandeses e portugueses, decepcionando o mercado.

Fundamentos "A Comissão Europeia confia plenamente que o BCE continuará a fazer o que for preciso para preservar a estabilidade financeira na Zona do Euro", disse Rehn. Embora tenha insistido na ampliação da capacidade do fundo de resgate, ele assegurou que Espanha e Itália "não precisarão de nenhum plano de ajuda porque seus fundamentos econômicos não o justificam". Segundo o comissário, os dois países encontram-se no bom caminho, mas devem completar seus programas de reformas estruturais destinados a garantir o equilíbrio fiscal e o crescimento da economia.

Papandreou tem pressa O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, pediu ontem a rápida aplicação do pacote de socorro anunciado pelos governos da Zona do Euro na reunião de cúpula de 21 de julho. "Essas decisões têm que ser colocadas em prática agora, já adotadas pelos Parlamentos nacionais onde for necessário", disse o líder grego em uma carta enviada ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. A correspondência é uma resposta a uma mensagem de quinta-feira, na qual Barroso pediu aos governantes da união monetária que considerassem um aumento do fundo de apoio aos países membros afetados pelas dívidas. Na reunião emergencial do mês passado, os dirigentes concordaram com um segundo plano de resgate à Grécia, em um total de 159 bilhões de euros, dos quais 50 bilhões de euros virão dos credores privados.