Título: Espanha e Itália no limbo
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2011, Economia, p. 14

Dois dos maiores países da Zona do Euro derrapam no segundo trimestre, com avanço de 0,2% e 0,3%, respectivamente

Informações divulgadas ontem sobre o crescimento econômico da Espanha e da Itália, países que estão no centro das preocupações do sistema financeiro por causa do alto nível de endividamento e do fraco ritmo de atividade, não conseguiram afastar o nervosismo que tomou conta dos mercados nas últimas semanas. A já combalida economia espanhola desacelerou ainda mais o ritmo de crescimento no segundo trimestre, alcançando uma expansão de apenas 0,2%, de acordo com estimativa do Banco da Espanha. No trimestre anterior, a alta havia sido de 0,3%.

"A informação sugere um enfraquecimento da atividade, em um ambiente marcado pelo agravamento da crise da dívida soberana na Zona do Euro", afirmou a instituição, em um comunicado. Na Itália, os resultados foram um pouco melhores. O instituto de estatísticas Istat informou que a economia do país cresceu 0,3%, no mesmo período, em comparação à modesta alta de apenas 0,1% no primeiro trimestre. De acordo com o Instituto, os dados indicam que o ritmo anual de crescimento alcançou 0,8%. O governo prevê uma elevação de 1,1% para o PIB em 2011.

Coordenação Diante do persistente nervosimo do mercado, o ministro de Reformas Institucionais da Itália. Umberto Bossi, disse que o Banco Central Europeu (BCE) já teria concordado em começar a comprar bônus italianos a partir da próxima segunda-feira. A decisão teria sido tomada após a promessa do governo de Roma de acelerar a redução de seu deficit.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, no entanto, disse estar convencido de que Itália e Espanha não vão precisar de um programa de resgate, como o que foi oferecido à Grécia, Portugal e Irlanda. "Não creio que nenhum desses dois países vá precisar de um plano de ajuda. Seus fundamentos econômicos não justificam isso", assegurou Rehn .

Ele defendeu, porém, a ampliação da capacidade do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, principal instrumento instrumento de socorro aos países endividados da região. Rehn também considerou de "importância crítica" uma coordenação política entre o G-7 e o G-20, grupos que reúnem as principais economias do planeta, para discutir saídas para a crise. "As atuais turbulências não apenas afetam a Europa, têm uma dimensão global. Por isso, a solução deve ser mundial", disse. O primeiro ministro, Sílvio Berlusconi, anunciou que França e Itália decidiram de comum acordo convocar uma reunião antecipada do G-7, para discutir a situação da economia.

Um porta-voz de Ângela Merkel informou que Alemanha, França, Itália e Grã-Bretanha querem uma aplicação rápida dos acordos fechados na cúpula de Bruxelas, em 21 de julho. No encontro, além de aprovar um socorro de 159 bilhões de euros para a Grécia, que ainda não foi desembolsado, os líderes concordaram em estudar a ampliação da capacidade do fundo de ajuda aos países endividados. Nicolas Sarkozy e Angela Merkel anunciaram ainda que desejavam apresentar, no fim de agosto ou início de setembro, propostas para melhorar a governabilidade da Zona do Euro.

Japão discute prioridades No Japão, o ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, disse que as autoridades globais precisam enfrentar as distorções cambiais, as crises de dívida e as preocupações sobre a economia dos EUA. "Eu acredito que esses assuntos deveriam ser discutidos", disse, um dia depois de o governo intervir para vender ienes. "Cada problema é importante, mas como priorizar essas questões é algo a ser discutido a partir de agora."