Título: Santos: um ano com aprovação alta
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Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2011, Mundo, p. 25

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, completa amanhã o primeiro dos quatro anos de mandato com 83% de aprovação e 80% de apoio da população, que classifica como um "bom caminho" o trajeto até aqui percorrido pelo sucessor de Álvaro Uribe. Entre os principais avanços destacados em uma pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Consultoria estão os progressos na redução dos atritos com os vizinhos Venezuela e Equador, a contenção do conflito armado interno e o combate à corrupção ¿ os dois últimos apontados como os maiores problemas do país. O saldo negativo fica no retrocesso da segurança interna, o quesito que deu a Uribe recordes históricos de popularidade.

Depois de ter atuado no governo anterior como ministro do Comércio, da Fazenda e por último da Defesa, Santos parece ter preservado o capital político acumulado, sobretudo, com os golpes certeiros que as Forças Armadas aplicaram na guerrilha desde 2008, quando o atual presidente ocupava a pasta da Defesa. Eleito no segundo turno com mais de 60% dos votos, Santos governa com maioria folgada no Parlamento. De acordo com a pesquisa, realizada com mil colombianos em 38 centros, apenas 14% desaprovam a atual gestão.

O avanço na política externa, com a normalização plena das relações com a Venezuela e o Equador, aparece como o ponto mais forte do presidente, com aprovação de 78% dos entrevistados. Na questão do conflito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o presidente tem avaliação positiva de 75%. A lei recém-promulgada que prevê reparações para as vítimas do conflito interno e a restituição de terras a moradores expulsos de suas posses ¿ seja pela guerrilha, pelos esquadrões paramilitares que a combatem ou pelos cartéis do narcotráfico ¿ está entre os fatores que pesaram mais no sucesso do governo.

Entre os pontos negativos aparecem as questões de segurança interna. Embora tenha merecido crédito pelas baixas que o Exército vem infligindo às Farc e ao Exército de Libertação Nacional (ELN, hoje praticamente erradicado), Santos paga o preço por um aumento nas ações guerrilheiras em alguns dos focos mais antigos do conflito, iniciado nos anos 1960. Além disso, a desmobilização de cerca de 30 mil paramilitares, após negociações com Uribe, produziu o fenômeno dos "novos bandos", como passaram a ser chamados os ex-combatentes que se associaram ao tráfico.

Segundo o diretor da organização não governamental Fundação Segurança e Democracia, Alfredo Rangel, os ataques e sabotagens organizados por guerrilheiros, assim como os sequestros e os delitos urbanos, cresceram nitidamente. "Por isso, há uma percepção geral de aumento na insegurança", afirmou Rangel.