Título: Órgão regulador investigará S&P
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Fonte: Correio Braziliense, 15/08/2011, Economia, p. 9

Modelo usado por agência para reduzir nota dos EUA será revisado. Governo suspeita de erro de US$ 2 tri

Depois de ser bombardeada por críticas lançadas pela opinião pública e pelo presidente Barack Obama, a agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) será investigada pela Comissão de Valores dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês). O órgão regulador analisará o modelo matemático utilizado para determinar o rebaixamento da nota soberana dos Estados Unidos, além de averiguar quais funcionários sabiam da revisão, antes que ela fosse anunciada.

No dia 5 de agosto, a agência reduziu a classificação dos títulos soberanos de AAA para AA+. Na ocasião, funcionários do governo acusaram a S&P de ter cometido um erro de cálculo de cerca de US$ 2 trilhões. A agência, porém, defendeu a decisão com o argumento de que o corte do rating foi feito após o fracasso do Congresso dos EUA em fechar um acordo que reduzisse o deficit em US$ 4 trilhões nos próximos 10 anos.

Embora existam dúvidas em torno da legitimidade da decisão da S&P, o presidente do Banco Mundial, Roberto Zoellick, também apontou o acirrado debate no Legislativo como o estopim da crise de confiança global que assolou os mercados financeiros. Ontem, Zoellick afirmou que os EUA contribuíram para a desconfiança dos investidores. "Francamente, os mercados estão acostumados que os Estados Unidos tenham um papel central no sistema econômico e ficaram na dúvida se os EUA realmente sabem para onde estão indo", disse. O próprio presidente Obama admitiu no sábado que a disputa entre democratas e republicanos em Washington continua prejudicando a economia e pediu comprometimento na votação de medidas para estimular a geração de empregos.

Zoellick ressaltou ainda que existe uma nova "zona de perigo", em função da perda da confiança dos mercados na liderança norte-americana e em decorrência da incerteza sobre o endividamento da Zona do Euro.

Na tentativa de desviar o foco de desconfianças, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, preparam as propostas que serão apresentadas na reunião marcada para terça-feira (16). Embora parte do mercado deposite suas fichas no encontro, dirigentes alemães levantaram dúvidas em torno de acordos que transformem o endividamento dos países em compromisso comum do bloco. "Não se pode unificar as dívidas nem dar ajuda ao infinito", declarou o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble.

Plano crucial O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, classificou o novo plano de austeridade anunciado pela Itália na sexta-feira como "crucial" para a Zona do Euro. Para ele, a intenção de reduzir em 45,5 bilhões de euros os gastos públicos e taxar as grandes fortunas em até 10% é "oportuna e rigorosa". O governo italiano, porém, enfrentará resistências. O CGIL, principal sindicato italiano, anunciou que fixará uma data para a realização de uma greve geral contra o projeto fiscal.