Lava-Jato: PF prende operador suspeito de pagar propina ao PT

 

Milton Pascowitch repassou r$ 1,4 milhão à empresa de Dirceu

SÃO PAULO E CURITIBA

Na 13ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada ontem, a Polícia Federal (PF) prendeu em São Paulo o lobista Milton Pascowitch, um dos principais operadores de pagamento de propina entre a Petrobras e o PT, segundo Gerson Almada, ex-vice-presidente da Engevix. Pascowitch é apontado como operador da empreiteira em contratos na Diretoria de Serviços, do ex-diretor Renato Duque.

Segundo a Justiça, o operador foi preso porque continuaria a movimentar recursos, oriundos de propina, mesmo após a deflagração da Lava-Jato. Ele é dono da Jamp, empresa que pagou R$ 1,457 milhão à JD Consultoria, do ex-ministro José Dirceu.

irmãos têm R$ 78 milhões bloqueados

No despacho sobre a prisão, o juiz Sérgio Moro disse considerar estranho que um dos pagamentos da Jamp a Dirceu tenha ocorrido em 2012, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava o mensalão. "Causa certa surpresa que, deste valor, R$ 1,157 milhão tenham sido pagos durante o ano de 2012, em meio ao julgamento da ação penal 470, o que coloca em dúvida se poderiam ter por causa prestação de serviços de consultoria".

Moro decretou o bloqueio de R$ 78 milhões das contas bancárias do operador e de seu irmão José Adolfo, que teve que depor ontem de forma coercitiva (à força). O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal (MPF), disse que investigará as relações da Jamp com Dirceu e os repasses da Engevix ao PT.

Por meio de sua assessoria, Dirceu informou que o contrato com a Jamp foi assinado em maio de 2011, antes do julgamento do mensalão, e visava a prospecção de negócios para a Engevix no exterior, sobretudo no Peru.

PF apreende 60 obras de arte

A nova fase da Lava-Jato foi deflagrada em São Paulo, Rio de Janeiro e em Itanhandu (Minas Gerais). Nas casas dos irmãos Pascowitch foram apreendidas obras de arte, 40 delas na de José Adolfo e outras 20 onde mora Milton, num condomínio de luxo em São Paulo. A PF suspeita que essas obras sejam usadas para lavagem de dinheiro.

Durante a operação, foi feita também busca e apreensão na casa de Henry Hoyer de Carvalho, no Rio, considerado um dos operadores do esquema de corrupção na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, na época dirigida por Paulo Roberto Costa. Na sua casa, a PF encontrou três armas, mas todas estavam documentadas. Uma delas, porém, tinha munição de pistola 45, que seria de uso restrito das Forças Armadas. Por isso, ele foi preso e levado para a PF do Rio, mas não será transferido para Curitiba, centro da Lava-Jato.

Ao justificar a prisão preventiva de Milton Pascowitch, Moro diz que ele mantém contas milionárias secretas no exterior, "oferecendo um risco concreto de fuga, pois, com conexões e recursos milionários no exterior, tem o investigado condições de nele refugiar-se, mantendo-se a salvo da ação da Justiça brasileira". Foi com recursos dessas empresas que Pascowitch pagou propinas a funcionários da Petrobras, como o ex-gerente Pedro Barusco.