Em Londres, CPI recebe documento de delator

Correio braziliense, n. 18986, 20/05/2015. Política, p. 3

André Shalders

A CPI da Petrobras ouviu ontem, em Londres, o ex-executivo Jonathan David Taylor, da SBM Offshore. A oitiva, que durou cerca de duas horas, ocorreu em um hotel e foi fechada à imprensa. No depoimento, Taylor disse que a Controladoria-Geral da União (CGU) já tinha elementos e documentação para abrir uma investigação relativa ao pagamento de propina por parte da SBM antes das eleições do ano passado. A CGU teria sido “negligente” ao só abrir as investigações depois de passadas as eleições. O inglês também repassou à CPI gravações de conversas com pessoas na Petrobras e cerca de 200 e-mails relativos ao caso.
“Superou, em muito, a expectativa dos deputados, principalmente a documentação apresentada”, disse o vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA). Oito integrantes da comissão participaram da oitiva. O deputado Efraim Filho (DEM-PB) chegou a dizer que o dempoimento de Taylor dá subsídios à CPI para “questionar” o trabalho da CGU no caso. A SBM teria pago propina a ex-dirigentes da Petrobras para fechar contratos com a estatal.

Para o relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), as informações prestadas por Taylor precisam ser confrontadas com o ex-representante da SBM no Brasil, Julio Faerman. Ele já foi convocado algumas vezes Para depor no Congresso, mas não compareceu. Na última tentativa, no fim de março, Faerman não pôde ser localizado. Alguns parlamentares falam em pedir a prisão dele.
“Pelo que o Leo de Britto (PT-AC) me disse, ele (o inglês) contou que agia em parceria com Julio Faerman. Diante disso, e com o Faerman se recusando a comparecer à CPI, nós teremos que pedir a prisão dele, para que ele seja considerado foragido. É o que pensa o presidente (da CPI), Hugo Motta (PMDB-PB)”, afirmou ao Correio o relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ). Em nota, a CGU disse que começou a investigar o pagamento de propina por parte da SBM ainda em abril, pouco depois da empresa admitir que houve o pagamento de suborno.

Petista

O Ministério Público Federal determinou uma série de diligências para instruir investigação preliminar a fim de apurar se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticou tráfico internacional de influência para beneficiar a construtora Odebrecht, um dos alvos da Operação Lava-Jato. Segundo despacho da procuradora Mirella de Carvalho Aguiar, o Instituto Lula deverá fornecer a agenda completa do ex-presidente após deixar o Palácio do Planalto, entre 2011 e 2014, “ressaltando, em cada caso, se houve a apresentação de palestras e quem contratou e remunerou pelo serviço e pelo deslocamento ao exterior”. A apuração preliminar foi aberta em abril, a partir de reportagens que revelaram documentos sigilosos sobre empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à Odebrecht no exterior.
A Procuradoria da República no Distrito Federal pedirá à Odebrecht todos os negócios que a maior empreiteira do Brasil fechou com Lula, ainda que por meio de outras empresas. Para cada palestra, a construtora deverá esclarecer “a pertinência do investimento com os objetivos e política da empresa”. Mirella Aguiar pede o valor de cada conferência e a forma de pagamento, além de custos de transporte e acomodações, ou despesas não relacionadas a palestras. O MPF ainda quer cópias de contratos com Lula ou com Taiguara Rodrigues dos Santos, que já foi apontado como “sobrinho” do ex-presidente. Ela pede ainda à Odebrecht com quais governos estrangeiros a empreiteira tem contratos, e quais tiveram apoio financeiro do BNDES. Por meio de nota divulgada em abril, o Instituto Lula disse que “o ex-presidente faz palestras e não lobby ou consultoria”.


Revista em cela de Vargas após post

O ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR) teve a cela revistada após o perfil dele no Twitter postar uma mensagem. Na segunda-feira, a rede social de Vargas, que está preso na Superintendência da PF em Curitiba desde 10 de abril, teve uma atualização, na qual se lia “olá”. Agentes vasculharam a cela duas vezes, mas não encontraram nenhum dispositivo. À PF, o ex-parlamentar se mostrou surpreso e negou que fosse o responsável pela publicação.