Valor econômico, v. 15, n. 3744, 28/04/2015. Finanças, p. C7

 

Lucro da Cielo pode crescer 6% no primeiro trimestre

 

Por Felipe Marques | De São Paulo

Em um cenário de desaceleração do consumo - e por consequência das compras com cartão - a credenciadora de cartões Cielo deve apresentar um lucro líquido de R$ 852,2 milhões no primeiro trimestre, cifra 6,1% maior que em igual período de 2014. A projeção corresponde à média de projeções feitas por cinco casas de análise e compiladas pelo Valor.

A credenciadora divulga resultados na quarta-feira, antes da abertura do mercado.

Um mesmo diagnóstico permeia as diferentes análises. Apesar do consumo fraco pressionar as receitas da Cielo com captura de compras com cartão no varejo, outras fontes de resultados - como o adiantamento de faturas a lojistas - e controles de custos devem compensar esse efeito.

Para os primeiros três meses do ano, analistas do Goldman Sachs projetam um avanço de 6,2% nos volumes transacionados em crédito e de 14% em débito, ante o ano anterior. Na visão deles, as compras com cartão capturadas pela credenciadora devem seguir em desaceleração "significativa" nos próximos trimestres.

O crescimento de linhas alternativas de receitas e o controle de custos também ajudam a diminuir o efeito que a consolidação da Token, a joint venture entre Cielo e Banco do Brasil (BB), tende a ter nos resultados da companhia. Como o balanço da Cielo deve incorporar pelo menos um mês de resultados da nova empresa, a comparação com igual período do ano passado fica desfavorecida. A operação com Cielo e BB foi fechada no fim de fevereiro e será controlada pela credenciadora.

"Novamente, a expansão modesta nos volumes financeiros deve ser compensada pelas fortes receitas de adiantamento. Desta vez, contudo, outros fatores ajudarão a sustentar nossa estimativa de R$ 873 milhões de lucro", escrevem os analistas do Credit Suisse. Entre esses itens, estão o avanço nas receitas da Merchant e-Solutions, subsidiária da Cielo nos Estados Unidos, com receitas em dólar, e o controle de custos feito pela companhia

Um dos grandes destaques do trimestre, na opinião dos analistas, será a operação de adiantamento de faturas de cartão para lojistas feita pela Cielo. Nas contas do Credit Suisse, as receitas com antecipação da credenciadora devem crescer 26% na comparação com igual período do ano anterior, para cerca de R$ 500 milhões.

A demanda dos comerciantes por esse tipo de operação aumenta à medida em que sobem as taxas de juros das demais operações de crédito e em que outras fontes de financiamento ficam mais escassas. Tanto que, na projeção do Goldman Sachs, 20% do volume de compras em cartões de crédito da companhia deve ter sido antecipado no primeiro trimestre.

Na visão de analistas do BTG Pactual, o forte desempenho das linhas de adiantamento de recebíveis - com spreads mais altos - é um dos fatores que podem levar o lucro da Cielo a bater as expectativas do mercado e crescer 10% na comparação anual. "Esperamos que as taxas de crescimento do lucro por ação se acelerem ao longo do ano".

Fitch corta classificação de risco de crédito do Japão

 

Por Stanley White | Reuters

A Fitch Ratings rebaixou o rating de crédito do Japão em um degrau após o governo ter falhado em adotar medidas no orçamento para compensar um atraso no aumento do imposto sobre vendas. A agência cortou a classificação para "A", cinco degraus abaixo do máximo "AAA". A perspectiva é estável.

Um plano para reduzir a taxa de imposto corporativo eleva a incerteza sobre se o governo vai conseguir gerar receita suficiente para lidar com o peso da dívida, completou a Fitch em comunicado.

A decisão da Fitch segue-se a um rebaixamento similar feito pela Moody's Investors Service no fim do ano passado e pode pressionar o governo a adotar medidas duras em um plano de disciplina fiscal que está previsto para ser engatilhado em junho possivelmente.

"O governo deve apresentar uma nova estratégia fiscal no verão [no hemisfério Norte] de 2015", disse a Fitch em comunicado. "Os detalhes da estratégia serão importantes, mas a força do compromisso do governo para implementá-lo será ainda mais importante e só vai se tornar mais claro ao longo do tempo."

Em dezembro, a Moody's rebaixou o Japão para "A1", um nível acima do rating da Fitch, devido ao atraso no aumento do imposto sobre vendas.

O rebaixamento ocorre em um momento complicado para os formuladores da política do país. As autoridades japonesas estão a meio caminho de divulgar um novo plano em que mostrarão como pretendem equilibrar o orçamento do país até 2020.

Os cortes nas notas soberanas do Japão mostram que as agências de classificação de risco de crédito estão céticas quanto à capacidade de os formuladores da política serem capazes de estabelecer um plano factível.

O diário japonês Nikkei divulgou que o presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, um defensor da disciplina orçamentária, alertou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de que receios relativos aos ratings podem ter um impacto negativo sobre a economia, a menos que o governo demonstre maior preocupação quanto à dívida de longo prazo.

Outras agências de classificação de risco relevantes também estão atentas ao cenário da dívida do Japão ao longo dos próximos dois a três meses.

Após a divulgação da decisão da Fitch, o dólar ampliava os ganhos ante a moeda japonesa, em alta de 0,24%, a 119,27 ienes.