Venezuela marca eleições para último trimestre
As eleições para renovar as 165 cadeiras da Assembleia Nacional da Venezuela serão realizadas no último trimestre do ano, anunciou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena.
Sem determinar uma data exata, como exigem os partidos de oposição reunidos na Mesa de Unidade Democrática (MUD), Lucena criticou o fato de "a oposição ter feito declarações de que não haverá eleições para a Assembleia Nacional".
Até mesmo autoridades de países aliados têm pedido aos líderes venezuelanos que fixem o quanto antes a data das eleições legislativas, como o fez na semana passada o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. "Recebemos (do governo venezuelano) amplas garantias de as eleições serão realizadas, mas esperamos que o poder eleitoral estabeleça o quanto antes a data na qual elas serão convocadas", declarou Vieira na quinta-feira em Brasília. Lucena insistiu em um programa dominical da rede de TV privada Televen que o órgão responsável se encontra atualmente concentrado nos processos pré-eleitorais, entre eles as primárias que serão realizadas por governistas e opositores.
Oposição acusa Lucena, do CNE, de ser chavista
O CNE organizará para o dia 17 as primárias para que a coalizão opositora eleja seus candidatos para as eleições legislativas e para 28 de junho as prévias para o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
As eleições de outubro, novembro ou dezembro serão observadas por especialistas de "mais de 80 países" que confirmarão "se é nula a possibilidade de fraude eleitoral na Venezuela", apesar de haver "atores políticos que ao desacreditar o CNE creem que obtêm benefícios", disse Lucena. Ela acrescentou que haverá "missões de organismos eleitorais da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), da África, Ásia e Europa".
"Aqui todos (governistas e opositores) têm ganhado ou perdido" nas eleições presidenciais, municipais, regionais e em outras que definem anualmente algum cargo", disse Lucena. "Mas quando a oposição perde, argumenta que houve benefício eleitoral", acrescentou a funcionária, acusada de ser pró-governo pelos opositores do bolivarianismo, lançado pelo presidente Hugo Chávez, morto em 2013, e mantido por seu sucessor, Nicolás Maduro.
Na sexta-feira, a coalizão opositora MUD rejeitou as acusações do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, de que há supostos planos para "cantar fraude" nas eleições legislativas.
Reconfiguração. Na semana passada, o CNE confirmou a reconfiguração dos distritos eleitorais do país na próxima eleição legislativa que diminui o número de deputados em regiões opositoras e aumenta as cadeiras em bastiões chavistas.
Mas, dentro do chavismo, a facção dissidente Marea Socialista ameaça lançar candidatos próprios na eleição, o que pode ameaçar o controle do presidente Maduro sobre o Parlamento.
O redesenho dos distritos, que favorece o chavismo, também foi adotado na eleição anterior, quando a MUD apostava que conseguiria tirar a maioria parlamentar do PSUV. A MUD criticou a alteração no cálculo do número de deputados por distrito a e acusou o CNE de falsificar os dados populacionais de maneira aberta para favorecer o chavismo nas eleições.