Título: Pessimismo aumenta
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2011, Economia, p. 16

A crise internacional está fazendo estrago na confiança dos empresários. Tanto que o Índice de Clima Econômico no mundo medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou em julho, de seis para 5,4 pontos ¿ quando o indicador fica abaixo de cinco significa fase de recessão. E o número pode piorar mais. Segundo a avaliação de economistas da instituição, o levantamento atual ainda não captou o agravamento das turbulências das últimas semanas, quando ficou claro que os Estados Unidos e a Europa estão muito próximos da estagnação.

A perspectiva é de que, com as dificuldades dos governos europeus em dar uma solução para a crise fiscal que assola a região e com o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela agência de classificação de risco Standard & Poor"s, a próxima edição do índice, em outubro, mostre os entrevistados ainda mais pessimistas. "Essa pesquisa não pegou a turbulência das últimas semanas, mas mostra que, em julho, já havia sinais de piora no mundo", explicou Lia Valls, economista da FGV.

O indicador também calcula individualmente as expectativas por país. No Brasil, o índice recuou de 5,9 para 5,8 pontos, ficando abaixo da média histórica dos últimos 10 anos (seis pontos). Na China e na Alemanha, o clima também degringolou, devido às perspectivas de desaceleração econômica. "O sentimento em relação à economia vem se deteriorando vagamente desde julho de 2010. Mas, agora, houve uma aceleração no pessimismo. As perspectivas são de revisão, para baixo, nas taxas de crescimento do mundo", acrescentou.

Na América Latina, seis de 11 países pesquisados mostraram piora. A Argentina teve a maior queda. Lá, as expectativas se depreciaram em 0,5 ponto e chegaram a 5,9. O país em situação mais complicada, porém, é a Venezuela, que amarga quatro pontos e é o último colocado no ranking latino-americano. Entre as maiores economias do planeta, o pior clima econômico está no Reino Unido, com 4,2 pontos. Até o Japão, que luta para se recuperar de um terremoto seguido de tsunami e de desastre nuclear, tem condições mais favoráveis que os ingleses, passando, entre abril e julho, de 3,4 para 5,1 pontos. (VM)