CPI coloca em dúvida morte de ex-deputado

Daniel Carvalho

Daiene Cardoso

 

O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), disse ontem, 20, pela manhã querer exumar o corpo do ex-deputado José Janene (PP-PR), que era ligado ao esquema de desvios na estatal e cuja morte foi registrada em 2010, em um hospital de São Paulo. A família rechaçou a suspeita de que o político esteja vivo e o peemedebista recuou da iniciativa.

Pela manhã, Motta disse ter informações de que Janene estaria vivo na América Central. “Vai ter exumação do corpo. Vou montar uma comissão de deputados para acompanhar a exumação, colher o DNA da família e ver se é ele mesmo que está lá sepultado”, afirmou o presidente da CPI ao Estado.

A notícia provocou uma série de reações. Em nota, a viúva do ex-deputado, Stael Janene, criticou a proposta. “Fui eu mesma, em companhia de meus filhos e das filhas dele, que recebi seu corpo na mesquita muçulmana aqui em Londrina”, escreveu. Para ela, um eventual pedido de exumação da CPI seria “um erro e uma maldade desumana”.

Primo de Janene, o vereador de Londrina Jamil Janene (PP) criticou Motta. “O que esse deputado está fazendo é uma falta de respeito.” Advogado da viúva e do doleiro Alberto Youssef, que era próximo de Janene, Antonio Figueiredo Basto afirmou: “Isso é tão absurdo que mostra o extremo uso político que estão fazendo disso. Janene tinha um quadro gravíssimo de saúde. A única palavra que define é absurdo.”

Diante da repercussão do caso, Motta mudou de postura. Em vez de dar a exumação como certa, disse que apresentaria um requerimento para ser votado pela comissão. Foi novamente criticado, dessa vez pelos colegas. “Isso tira o foco da CPI, porque passa a chamar atenção de um corpo, enquanto estamos ouvindo empresários e políticos envolvidos”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

À noite, após ser procurado pelo advogado da família de Janene, Motta disse que o requerimento de exumação seria votado após depoimento da viúva, em data a ser marcada. “Se a prova for contundente, não nos cabe ficar alimentando essa história. Não quero agredir a história de ninguém”, alegou. “Vamos ouvir a senhora Stael para fazer os esclarecimentos, as denúncias de contas no exterior e acredito que, nesta oportunidade, vamos tratar de exumação.”

O Incor, onde Janene estava internado ao morrer, não comentou o caso. Em 14 de setembro de 2010, nota do hospital dizia que a morte foi provocada por “consequências da evolução de um quadro de choque séptico”.